domingo, maio 10, 2009

Microsoft pode usar rival como proteção em caso antitruste

A Microsoft vai tentar se defender contra uma proposta da Comissão Européia que poderia forçar a empresa a oferecer navegadores de internet rivais com seu sistema operacional Windows, alegando que essa medida reforçaria o domínio do Google, seu maior concorrente, no mercado mundial de publicidade vinculada a buscas, de acordo com uma pessoa diretamente informada sobre a estratégia de defesa judicial da Microsoft.
A empresa apresentará seu argumento em uma audiência marcada para junho em Bruxelas, como parte de uma investigação antitruste relacionada à integração entre seu navegador Internet Explorer e o Windows, o sistema operacional que aciona mais de 90% dos computadores em uso no mundo.
A pessoa informada sobre a estratégia judicial da Microsoft, que pediu que seu nome não fosse revelado porque não estava autorizada a falar em público sobre o caso, disse que a Microsoft delinearia o que interpreta como efeitos prejudiciais da incorporação de navegadores concorrentes ¿como o Mozilla Firefox ou o Google Chrome - ao Windows, no que tange à publicidade vinculada a buscas.
A Mozilla deriva a maior parte de sua receita das comissões que recebe por encaminhar tráfego de internet ao serviço de busca do Google. O Google obtém a maior parte de seu faturamento por meio de publicidade vinculada a buscas, um setor do mercado publicitário que a empresa domina.
"Não só o navegador Chrome, do Google, estaria subitamente presente em todos os computadores equipados com o Windows como isso reforçaria o domínio do Google sobre o setor de publicidade vinculada a buscas", disse a fonte.
O Google divulgou um comunicado sobre o assunto mas não rebateu diretamente o argumento da Microsoft. "Acreditamos que mais competição vai significar mais inovação na web e uma melhor experiência de uso para as pessoas de todo o mundo", disse William Echikson, porta-voz do Google em Bruxelas.
Ao direcionar seus argumentos ao domínio do rival, a Microsoft deixa claro o que está em jogo tanto para ela quanto para o Google, que vem se opondo cada vez mais à medida que os computadores pessoais vão deixando de lado o software instalado em máquina e passam a recorrer ao software oferecido como serviço via web. Além de sua concorrência em serviços de e-mail, publicidade online e buscas, o Google também produz um sistema operacional utilizado em computadores móveis e celulares.
A nova queixa das autoridades de competição européia com relação aos navegadores de internet, como o processo antitruste de nove anos que foi encerrado recentemente quanto ao player de mídia e a integração de software para servidores com o Windows, força os maiores nomes do setor mundial de software e de internet a tomar partido.
A queixa foi apresentada em dezembro de 2007 pela Opera, uma pequena produtora norueguesa de software com 510 funcionários. Desde então, os principais concorrentes da Microsoft ¿ Google, Mozilla, Sun Microsystems, Nokia, IBM, Red Hat e Corel - todos aderiram ao processo, individualmente ou como parte de organizações setoriais que se tornaram co-queixosas no processo.
O Google, Mozilla e o Comitê Europeu de Sistemas Interoperáveis, uma organização sediada em Bruxelas que representa os demais rivais da Microsoft, planejam cada qual depor durante uma audiência fechada que será presidida no mês que vem por Michael Albers, um magistrado do setor de competição da Comissão Européia.
Em 15 de janeiro, a comissão informou a Microsoft de que existia a possibilidade de que ordenasse à produtora de software instalar os navegadores de companhias rivais como parte do Windows, e ao mesmo tempo desabilitasse o Internet Explorer. A Microsoft alertou seus investidores de que o processo poderia resultar em uma multa "significativa".
A Microsoft pagou mais de um bilhão de euros em multas e indenizações como parte de seus esforços para se defender contra o primeiro processo antitruste. A empresa desistiu da batalha em 2007, depois de ser derrotada em uma importante apelação.
De acordo com a fonte, a Microsoft pretende argumentar que o navegador não pode ser separado do sistema operacional Windows. A Microsoft também enfatizará que os consumidores estão livres para baixar e usar qualquer navegador concorrente com o Windows, e que a fatia de mercado do Internet Explorer entre os navegadores vem caindo constantemente.
Cerca de 67% dos usuários mundiais de computadores empregam o Internet Explorer, de acordo com a Net Applications, uma empresa de pesquisa localizada em Aliso Viejo, Califórnia. Na Europa, o navegador Firefox 3 superou o Internet Explorer 7 como software de navegação mais utilizado, de acordo com a StatCounter, uma empresa que acompanha as tendências da Web. Mas continua 10% atrás da Microsoft quando todas as versões do Internet Explorer são computadas.
O comitê de sistemas interoperáveis afirmou que pretende apresentar na audiência dados que demonstram que a participação de mercado da Microsoft entre os navegadores é de perto de 85% na Europa.

Fonte: www.terra.com.br

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