sábado, maio 02, 2009

China é paraíso dos celulares falsificados


As linhas esguias e a tela de toque do celular são inconfundivelmente familiares. O logotipo na traseira também. Mas o vendedor em um grande mercado de eletrônicos em Shenzhen, uma cidade da costa da China, admite que um pouco mais de atenção basta para revelar que o aparelho não é um Apple iPhone, mas um Hi-Phone. "Mas é tão bom quanto", ele diz.
Em torno de sua barraca, dezenas de outros vendedores estão negociando aparelhos Nokia, Motorola e Samsung falsificados - bem como outras imitações baratas que nem tentam esconder que são imitações.
"Cinco anos atrás, não existiam celulares falsificados", diz Xiong Ting, gerente de vendas da Triquint Semiconductor, fabricante de componentes para celulares, em uma visita a Shenzhen. "Era necessário ter uma equipe de design, programadores, especialistas em hardware. Mas agora, uma empresa com cinco funcionários é capaz de produzir cópias. Em um raio de 160 quilômetros daqui, todos os fornecedores necessários podem ser encontrados".
Avanços tecnológicos permitiram que centenas de pequenas companhias chinesas, algumas das quais com apenas 10 funcionários, produzissem os chamados "shanzhai", ou telefones piratas, vendidos muitas vezes por apenas US$ 20 (R$ 44).
E em um momento no qual as empresas chinesas tendam subir na cadeia de valor industrial, deixando de lado a fabricação de brinquedos e roupas em troca de novas atividades como a fabricação de computadores e carros elétricos, os falsificadores passam por evolução semelhante. Depois de anos fabricando falsas bolsas de grife e DVDs baratos, eles estão capturando mercado que até agora pertencia aos grandes fabricantes mundiais de celulares.
Ainda que os celulares shanzhai existam há apenas alguns anos, já respondem por mais de 20% das vendas na China, que é o maior mercado mundial de celulares de acordo com o grupo de pesquisa Gartner.
Os aparelhos também estão sendo ilegalmente exportados, para a Rússia, Oriente Médio, Europa e até Estados Unidos.
"O mercado de celulares shanzhai está passando por uma louca expansão", disse Wang Jiping, analista sênior da IDC, uma empresa que acompanha as tendências da tecnologia. "Eles copiam a Apple, Nokia, o que quer que desejem, e respondem rapidamente às preferências do mercado".
Alarmadas pelo crescimento dos falsificadores e das imitações sem marca, as grandes empresas mundiais vêm pressionando o governo da China por medidas de repressão à proliferação, e alertam os consumidores quanto aos potenciais riscos desses produtos para a saúde, a exemplo de baterias baratas que podem explodir.
A Nokia, maior fabricante mundial de celulares, diz que está cooperando com Pequim para combater a pirataria. A Motorola afirma coisa parecida. A Apple se recusa a comentar.

Fonte: www.terra.com.br

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