Uma encomenda da empresa número um do país está agitando os meios
empresariais. Ao lançar concorrência para construção de cinco
sofisticados barcos lançadores de tubulações, a Petrobras não fez
licitação restrita ao mercado local, mas abriu a disputa ante o mercado
internacional. A decisão preocupa não só líderes da construção naval,
como da indústria fornecedora, pois, com um navio, são feitas encomendas
de parafusos, artefatos de borracha, móveis de madeira, escotilhas e
motores – todos comprados pelos estaleiros no mercado interno.
A dor de cabeça dos empresários é mais intensa diante da situação
mundial. Na Europa, a taxa de desemprego é crescente, especialmente
entre os jovens, o que enfraquece os governos locais. Na Ásia, não só
China, Coréia e Japão têm alta produtividade, como recebem subsídios que
nenhuma entidade internacional consegue aferir com exatidão. É difícil
competir com europeus e asiáticos nesse momento. Cada navio lançador de
tubos tem custo unitário estimado em US$ 300 milhões, o que
significaria, a grosso modo, encomenda de US$ 1,5 bilhão que tanto pode
ficar no mercado interno como ser feita em nação distante da Ásia ou em
subsidiado estaleiro europeu.
A preferência do Governo Federal por obras no Brasil tem sido
contestada por grande número de políticos e economistas. No entanto, a
principal resposta da indústria é a de que o sobrecusto nacional não
pode ser medido isoladamente, mas teria de ser visto de forma ampla. Um
metalúrgico empregado deixa de requerer seguro-desemprego, Bolsa Família
e, possivelmente, pode sair da fila do INSS para usar plano de saúde
privado. Além disso, a maior demanda por trabalhadores na última década
fez com que fosse ampliada a oferta de cursos técnicos, o que aumentou a
capacitação dos profissionais do setor.
No início da gestão de Dilma Rousseff, houve preocupação com excesso
de encomendas para a construção naval, mas os dirigentes do setor citam
que o grande número de novos projetos já iniciados afasta essa
possibilidade. Para analistas do setor, a decisão final é mais política
do que econômica. Nos Estados Unidos, centro do capitalismo mundial, não
se permite capital estrangeiro em empresas de telefonia. Para os
norte-americanos, as empresas de navegação de cabotagem precisam ter
capital local, quando, no Brasil, empresas brasileira de capital
estrangeiros têm todos os direitos.
Fonte: Monitor Digital
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