quarta-feira, setembro 12, 2012

Concorrência da Petrobras agita construção naval

Uma encomenda da empresa número um do país está agitando os meios empresariais. Ao lançar concorrência para construção de cinco sofisticados barcos lançadores de tubulações, a Petrobras não fez licitação restrita ao mercado local, mas abriu a disputa ante o mercado internacional. A decisão preocupa não só líderes da construção naval, como da indústria fornecedora, pois, com um navio, são feitas encomendas de parafusos, artefatos de borracha, móveis de madeira, escotilhas e motores – todos comprados pelos estaleiros no mercado interno.
A dor de cabeça dos empresários é mais intensa diante da situação mundial. Na Europa, a taxa de desemprego é crescente, especialmente entre os jovens, o que enfraquece os governos locais. Na Ásia, não só China, Coréia e Japão têm alta produtividade, como recebem subsídios que nenhuma entidade internacional consegue aferir com exatidão. É difícil competir com europeus e asiáticos nesse momento. Cada navio lançador de tubos tem custo unitário estimado em US$ 300 milhões, o que significaria, a grosso modo, encomenda de US$ 1,5 bilhão que tanto pode ficar no mercado interno como ser feita em nação distante da Ásia ou em subsidiado estaleiro europeu.
A preferência do Governo Federal por obras no Brasil tem sido contestada por grande número de políticos e economistas. No entanto, a principal resposta da indústria é a de que o sobrecusto nacional não pode ser medido isoladamente, mas teria de ser visto de forma ampla. Um metalúrgico empregado deixa de requerer seguro-desemprego, Bolsa Família e, possivelmente, pode sair da fila do INSS para usar plano de saúde privado. Além disso, a maior demanda por trabalhadores na última década fez com que fosse ampliada a oferta de cursos técnicos, o que aumentou a capacitação dos profissionais do setor.
No início da gestão de Dilma Rousseff, houve preocupação com excesso de encomendas para a construção naval, mas os dirigentes do setor citam que o grande número de novos projetos já iniciados afasta essa possibilidade. Para analistas do setor, a decisão final é mais política do que econômica. Nos Estados Unidos, centro do capitalismo mundial, não se permite capital estrangeiro em empresas de telefonia. Para os norte-americanos, as empresas de navegação de cabotagem precisam ter capital local, quando, no Brasil, empresas brasileira de capital estrangeiros têm todos os direitos.

Fonte: Monitor Digital

Nenhum comentário: