As encomendas de equipamentos da Petrobras começam a mudar o perfil da indústria de petróleo no país. Um exemplo dessa tendência está no segmento de árvores de natal submarinas, equipamentos instalados nos poços, no fundo do mar, e que são formados por um conjunto de válvulas e sensores. Antes as indústrias produziam esses equipamentos em pequenos lotes. Agora o padrão está mudando para grandes volumes, o que exige investimentos do fabricante principal do bem, mas também dos subfornecedores.
A americana FMC Technologies, fornecedora de soluções de tecnologia para a indústria de petróleo, se encaixa bem nessa realidade. A empresa, que programou R$ 200 milhões em investimentos no Brasil entre 2010 e 2012, anunciou recentemente acordo com a Petrobras para fornecer 130 árvores de natal submarinas à estatal em contrato que pode chegar a US$ 1,5 bilhão. “É o maior contrato de árvores de natal submarinas da indústria de petróleo no mundo”, afirma José Mauro Ferreira, diretor comercial da FMC Technologies no Brasil.
A compra inicial prevista no acordo entre FMC e Petrobras é de 78 equipamentos que somam cerca de US$ 900 milhões. Essas árvores de natal serão utilizadas no pré-sal e submetidas a maiores profundidades e pressões nos reservatórios. As primeiras unidades começarão a ser entregues em 2014 com índice de 70% de conteúdo nacional. A FMC vem se preparando para atender a essas encomendas em maior escala, o que acredita deve ser uma tendência dadas as metas de aumento da produção da Petrobras.
Mas a produção desses equipamentos submarinos em maior volume – e com um alto percentual de nacionalização – impõe desafios. Um deles é aumentar a capacidade dos atuais fornecedores da FMC. Mas, simultaneamente, é preciso ampliar a lista de empresas capazes de entregar partes ou componentes dentro das condições de qualidade e prazo requeridas. “Temos de requalificar os fornecedores para conseguir um aumento na capacidade de entrega”, diz Ferreira.
Uma segunda etapa, afirmou o executivo, considera desenvolver fornecedores de itens críticos para atender a demanda do mercado. “E esse processo também passa por motivar fornecedores estrangeiros a se instalarem no Brasil ou a se associarem com empresas locais”, afirma. O desenvolvimento da cadeia produtiva é importante dada a mudança de patamar: no passado, a FMC registrava entre 12 e 24 encomendas de árvores de natal submarinas por ano, número que pode chegar a 60 unidades por ano a partir de 2014.
A FMC está motivando fornecedores a se instalar na fábrica da empresa no bairro da Pavuna, zona norte do Rio, para fazer montagens e testes de equipamentos. Essa é uma fase intermediária à nacionalização dos bens. Leonardo Ribeiro, diretor de projetos da FMC no país, diz que um fornecedor americano, a Teledyine, já se instalou na unidade industrial da empresa para fazer integração e testes em equipamentos.
A fábrica da FMC recebeu investimentos para aumentar a capacidade de produção dentro do plano da empresa de desembolsar R$ 200 milhões no país até 2012. Esse montante é cerca do dobro do investido entre 2008 e 2010. Do total, 35% ou R$ 70 milhões foram aplicados no Centro de Tecnologia que a FMC instalou na Ilha do Fundão, também no Rio. Um dos papéis do centro é desenvolver uma nova geração de equipamentos submarinos. A base de serviços da empresa em Macaé foi outra unidade a passar por ampliações.
Ao longo de sua história no Brasil, a FMC já recebeu da Petrobras encomendas para mais de 500 árvores de natal submarinas, das quais 300 foram entregues. As restantes 200 se dividem entre as 130 anunciadas na semana passada e outras 107 unidades já contratadas e que serão entregues até 2014. A primeira árvore de natal submarina foi produzida no Brasil em 1978 pela CBV, sob licenciamento da FMC.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes Do Rio
Nenhum comentário:
Postar um comentário