sexta-feira, novembro 11, 2011

Petroleira privada lança cadastro de fornecedor


Lista com quase 500 empresas visa driblar exclusividade da Petrobras

Entre as que usam o cadastro estão BP, BG, Shell, Chevron, Repsol e outras que investem US$ 30 bi até 2020

Sem acesso ao cadastro de fornecedores da Petrobras, nove petroleiras privadas -todas estrangeiras- se juntaram para criar um cadastro único de suprimento, que já conta com quase 500 empresas e uma fila de mais de 1.000 pré-habilitadas. Inédita no mundo do petróleo, a iniciativa visa reduzir custos e prazos de contratação de bens e serviços e enfrentar a exigência de conteúdo nacional da ANP (Agência Nacional do Petróleo) -de cerca de 60% do valor total das encomendas.

Entre as empresas que usam o cadastro estão BP, Shell, BG, Chevron, Repsol e outras petroleiras que estimam investir no país US$ 30 bilhões até 2020 em exploração de óleo e de gás.

A ideia é partilhar o histórico e o desempenho de cada fornecedor e fazer uma avaliação conjunta das empresas, sempre com base em parâmetros internacionais, prática que não é adotada pela Petrobras.

Apesar de inédita, a iniciativa engatinha quando comparada à da Petrobras, que tem um cadastro com 14 mil fornecedores diretos. Com a entrada prevista de mais mil empresas, a lista representará somente 10% do total de supridores da estatal.

Todas as companhias que patrocinaram a elaboração do cadastro são, no jargão do setor, operadoras. Ou seja, lideram os consórcios que exploram os campos de petróleo e ficam responsáveis pela atividade de exploração e de produção, inclusive a contratação de bens e serviços.

Para Antonio Guimarães, diretor da Shell no Brasil, o cadastro unificado é “algo sem precedentes em todo o mundo” por reunir companhias concorrentes e com culturas diferentes.

O estímulo à sua criação, diz, decorreu do fato de as companhias privadas de petróleo não terem acesso ao cadastro da Petrobras -o que representava desvantagem em relação à estatal. O cadastro único começou em 2008, mas deslanchou com força neste ano, com a inclusão de mais empresas e regras mais rígidas para que uma companhia possa fazer parte da lista.

“Nossas regras seguem o padrão internacional de excelência. As empresas brasileiras que fazem parte do cadastro estão aptas a fornecer para qualquer subsidiária da Shell ou de outra companhia em qualquer lugar do mundo”, diz Guimarães.

EVOLUÇÃO
O executivo conta o caso de uma fabricante brasileira de válvulas submarinas que forneceu à Shell Malásia por intermédio da subsidiária brasileira do grupo e por estar incluída no cadastro -realizado com o apoio da Onip (Organização Brasileira da Indústria do Petróleo).

Para Guimarães, a indústria nacional está “bem qualificada” para fornecer equipamentos submarinos de exploração de óleo -como válvulas, tubos e dutos.

Guimarães afirma, entretanto, que a construção de plataformas e de outros sistemas de produção de petróleo (como os navios-plataformas de produção e estocagem de óleo, os FPSOs) ainda precisa evoluir e atingir custos e padrões de qualidade mais competitivos com o de companhias estrangeiras.

Fonte: Folha de São Paulo

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