Recursos do Fundo Social correm risco de ir parar em papéis podres no exterior
A nova lei do petróleo determina que o Fundo Social do Pré-sal deve priorizar, em seus investimentos, ativos no exterior, o que inclui os derivativos, gatilho da crise financeira iniciada em 2007. O investimento no social dependerá do lucro obtido pelas aplicações do fundo, "se esse lucro existir", ironiza a economista Maria Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida.
Maria Lucia critica a financeirização da economia e ressalta que a principal consequência é usurpar o uso da ferramenta do endividamento público. "Em vez de se endividar para promover o bem-estar social, o Estado agora é parte da financeirização, que implica na adoção do "remédio" de uma suposta austeridade, a exemplo do que foi feito na América Latina nos anos 80", lembrou.
A economista frisou, durante palestra no II Colóquio de Política Nacional e Internacional/UFRJ, que o endividamento estatal se tornou "mero mecanismo de mercado para salvar bancos".
Lembrando que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) é "100% privado" e "entregou US$ 16 trilhões para salvar bancos", a economista comentou que os três primeiros da lista de 29 beneficiados (CitiBank, com US$ 2,5 trilhões e Bank Of América, com US$ 1,3 trilhão lideram a relação, da qual fazem parte até alguns bancos europeus) "têm 75% das subsidiárias instaladas em paraísos fiscais".
Ela afirmou que o mundo desenvolvido pretende transferir a conta para os países em desenvolvimento. Quanto ao Brasil, Maria Lúcia ressaltou que o país já gasta R$ 1 bilhão por dia útil com juros da dívida pública e deve ficar atento com os desdobramentos da crise mundial. A economista lembrou ainda os prejuízos recentes do Banco Central (BC): R$ 147 bilhões, em 2009; R$ 50 bilhões ano passado; e R$ 44 bilhões, no primeiro semestre de 2011.
Fonte: http://www.monitormercantil.com.br/
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