domingo, outubro 10, 2010

Crescimento da economia puxa consumo de derivados de óleo


Em 1981, com o impacto da segunda crise do choque do petróleo, a dependência externa brasileira do produto atingiu o auge: cerca de 80% das necessidades de consumo foram importadas e a produção da Petrobras chegou a pouco mais de 180 mil barris diários. O país importou US$ 11 bilhões em óleo e derivados naquele ano, cerca de metade das exportações totais realizadas pelo país. Duas décadas depois, o cenário é outro: o Brasil atingiu, em 2006, a autossuficiência em petróleo e, se confirmado o potencial das jazidas de pré-sal, poderá se tornar um dos dez maiores exportadores da commodity. Em 2013, a Petrobras deve produzir 2,6 milhões de barris por dia.

"O petróleo deixou de ser um problema nas contas externas", resume o economista da RC Consultores Fabio Silveira. Apesar da grande melhoria, o Brasil ainda deve registrar déficit na balança comercial de petróleo e derivados. Nas contas de Silveira, o déficit deverá ficar em US$ 4,5 bilhões, acima dos US$ 3,3 bilhões apurados em 2009. O crescimento da economia brasileira, que nesse ano deve crescer acima dos 7%, está impulsionando o consumo de derivados, com destaque para o diesel, bastante usado pelos caminhões, que respondem por cerca de 60% do transporte de cargas.
Atualmente, a Petrobras, maior produtora de petróleo do Brasil, extrai cerca de 2 milhões de barris diários. Boa parte do óleo explorado no país é pesado, com qualidade inferior a de outros locais e precisa ser misturado ao produto mais leve, comprado de outros países a preços mais elevados. O parque de refino brasileiro não tem capacidade para processar todo o combustível e nafta utilizados no país. "Sempre existe a necessidade de importação de um produto cujo preço médio é mais elevado que o brasileiro", diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro.
De janeiro e julho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a Petrobras importou US$ 10,6 bilhões, alta de 67% frente a igual periodo de 2009, e exportou US$ 10,1 bilhões, também uma elevação de 67%.
"O pré-sal deverá ter um impacto muito positivo na balança, mas ainda demorará para que esse efeito seja sentido, porque os investimentos têm longo tempo de maturação", afirma Castro, da AEB. Para 2011, Fabio Silveira estima que o déficit do setor deva ficar em US$ 4 bilhões, abaixo do projetado para esse ano por conta de dois fatores: a economia brasileira deve crescer 3,8%, quase a metade do estimado para esse ano, o que reduzirá o consumo de combustíveis; e o preço do barril de petróleo, que nesse ano deve ficar em US$ 77 na média, deverá cair para US$ 73.
Recentemente, o JP Morgan e Barclays cortaram suas expectativas em relação aos preços do petróleo para 2011, em razão das incertezas sobre a recuperação da econômica mundial. O Barclays, que projetava preço de US$ 82 para este ano e de US$ 92 para 2011 para o barril negociado nos Estados Unidos, cortou suas estimativas, respectivamente, para US$ 78 e US$ 85. Já o JP Morgan reduziu sua projeção de US$ 90 para US$ 79, 25 para a cotação de 2011.

Fonte: http://www.santosoffshore.com.br/

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