segunda-feira, agosto 09, 2010

Pesquisa usa 3D para estudar tempestades

SÃO PAULO - Uma rede formada por câmeras de vídeo de alta resolução entrará em atividade até o início de 2011 para filmar tempestades em São José dos Campos (SP).


Os equipamentos estão sendo adquiridos com o apoio da FAPESP por meio do Projeto Temático Impacto das mudanças climáticas sobre a incidência de descargas atmosféricas no Brasil, coordenado por Osmar Pinto Júnior, do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

As câmeras integrarão o projeto Rammer (“Rede Automatizada Multicâmeras para o Monitoramento e Estudo de Raios”), ligado ao Temático e conduzido como trabalho de pós-doutoramento do engenheiro eletricista Antonio Carlos Varela Saraiva, com bolsa da FAPESP.

As três câmeras que darão início à rede contam com duas características fundamentais para o estudo de raios: alta velocidade de gravação e boa qualidade de imagem. Elas são capazes de registrar até 2 mil quadros por segundo com resolução de 1.280 por 720 pixels.

A ideia é que as câmeras registrem diferentes ângulos de uma mesma tempestade, o que ampliará o número de raios registrados por minuto e aumentará a qualidade das informações. “Com isso, será possível observar detalhes finos do raio”, disse Saraiva à Agência FAPESP.

Há alguns anos, a equipe do Elat começou a estudar raios com a ajuda de câmeras de alta velocidade. Duas câmeras foram utilizadas, porém de maneira independente.

Ao apontar apenas uma câmera para uma tempestade, a quantidade de registros é limitada a uma média de 4% do total de raios daquela tormenta, podendo chegar a 10% em dias mais favoráveis. “Ficávamos sempre na dúvida se os raios registrados eram representativos daquela tempestade. Agora, com a rede de câmeras, essa amostragem aumentará”, explicou Saraiva.

Outra inovação da rede Rammer é a automatização da operação das câmeras de vídeo. “Até então, precisávamos designar alguém para apertar o gatilho das máquinas sempre que ocorria um raio”, disse.

A rede a ser montada funcionará com uma série de sensores. Alguns estão sendo desenvolvidos pela equipe do Elat, como um arranjo de fotodiodos para captar descargas de retorno de um raio.
Esse dispositivo é utilizado para contar as descargas durante a filmagem e o objetivo é que forneça também um dos parâmetros que dispararão as câmeras da rede. “Estamos recriando o equipamento para que sirva de disparador da câmera”, explicou Saraiva.
Outro parâmetro para o disparo será fornecido pelo sensor de campo elétrico, que detecta sinais da radiação eletromagnética emitida pelas descargas de retorno. Os dois sensores funcionarão em conjunto e as câmeras só serão acionadas se ambos perceberem sinais da ocorrência de um raio.
Se os fotodiodos atuassem sozinhos, o sistema poderia ser acionado por outras ocorrências, como voos de aves ou outros sinais detectados por esse tipo de sensor. Da mesma maneira, o sensor de campo elétrico isolado não garante a precisão do monitoramento. Por isso, o gatilho a ser desenvolvido no Elat contará com as duas tecnologias.

Um motor automatizado para direcionar as câmeras também está sendo desenvolvido desde o ano passado. Acoplado a outro dispositivo de fotodiodos, o sistema eletromecânico deverá apontar a câmera para a região de maior incidência de descargas, baseando-se nos registros do sensor.

Fonte: http://info।abril.com.br/

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