Marques: ele não sabia mexer no Mac, mas aprendeu a usar o SDK e foi contratado pela Bitix
SÃO PAULO - Programadores que criam aplicativos para o tablet da Apple já são disputados no mercado.
O sucesso do iPad pode ser medido não só pelo volume de vendas — mais de 2 milhões de unidades em apenas dois meses —, mas também pela movimentação que tem causado no mercado de desenvolvimento de aplicativos. Profissionais que sabem trabalhar na plataforma Apple são disputados e bem remunerados. “Temos dificuldade para contratar pessoas porque a demanda é maior do que esperávamos”, afirma Marcio Pissardo, diretor-geral da Livetouch, desenvolvedora de aplicativos para smartphones.
Já que não há profissionais prontos para dar conta de todo o trabalho, as empresas buscam talentos para transformá-los em desenvolvedores. “É mais fácil contratar alguém criativo e inovador e capacitá-lo nas tecnologias de desenvolvimento”, afirma Paulo Camara, gerente da divisão Prática Mobile da Ci&T, empresa de consultoria, desenvolvimento e marketing digital.
Foi o que aconteceu com o carioca Helder Marques, de 21 anos, que cursa o terceiro ano de sistemas de informação na PUC-RJ. Há seis meses, ele começou um estágio na Bitix, empresa de mobile marketing. Trazia, na bagagem, bom conhecimento técnico de programação orientada a objetos. “Não sabia nada de iPhone e nunca tinha mexido num Mac”, conta. Hoje, ele tem, no portfólio, quatro aplicativos, e trabalha na adaptação dos programas para iPad. “O que muda é o tamanho da tela. A linguagem é a mesma. Até o SDK (kit de desenvolvimento de software) é o mesmo”, diz.
Neste mês, Marques foi contratado como analista de sistemas, o que lhe rendeu um aumento de mais de 100% no salário. Disputado, o estudante recebe propostas de trabalho de empresas concorrentes com frequência. “Esse profissional é muito procurado porque, além de fazer um bom trabalho técnico, precisa gastar energia acompanhando as novidades e aprender por conta própria”, diz Ricardo Basaglia, headhunter de TI da Michael Page, empresa de recrutamento.
Autodidatas
O mineiro Bruno Machado, de 26 anos, scrum master da Ci&T, é um exemplo de profissional autodidata. Formado em ciência da computação, começou a carreira desenvolvendo jogos de celular na plataforma J2ME, o Java para plataformas móveis. No início de 2009, ele se entusiasmou com o desenvolvimento para iPhone. “Comprei um Mac para aprender a programar, baixei o SDK e comecei a brincar”, conta.
Em setembro, Bruno já tinha seu primeiro jogo na App Store da Apple, mas não estava satisfeito. Pediu demissão da empresa em que trabalhava, e em dois meses criou mais dois aplicativos, que lhe renderam cerca de 6 000 dólares. “Um deles — o Fighter XIII, the terrorist threat — chegou a ficar em primeiro lugar na App Store”, diz. Desde março, Machado lidera, na Ci&T, uma equipe de desenvolvimento de aplicativos para iPhone e iPad.
A remuneração média de um desenvolvedor para iPad varia de 4 000 reais a 10 000 reais mensais, dependendo da experiência e do portfólio de aplicativos do profissional, segundo o headhunter Basaglia, da Michael Page. Está em alta, também, a posição de gerente de produto — aquele que pensa no modelo comercial e na utilidade do aplicativo, sem necessariamente conhecer programação, apenas com noção do potencial e das limitações da tecnologia. Para essa função, a remuneração fica entre 6 000 reais e 12 000 reais. Em empresas menores, é comum que o desenvolvedor fique encarregado das duas tarefas.
Há espaço, ainda, para desenvolvedores autônomos que conseguem ter boas ideias e viabilizá-las tecnicamente. É uma oportunidade para quem quer vender seus aplicativos sem arcar com custos de divulgação e infraestrutura de vendas. “Grandes empresas, como Vivo e Apple, têm interesse em se aproximar desses profissionais para evitar intermediários”, afirma Basaglia.
Fonte: http://info.abril.com.br/
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