terça-feira, julho 20, 2010

No mundo das luas


SÃO PAULO - Elas podem se curvar aos planetas em tamanho, mas ganham em personalidade e número. As luas são muito diferentes entre si e estão sempre cercadas de mistérios. Há apostas de que uma delas pode abrigar vida.

Marcada por poços sulfurosos, banhada em radiação intensa e agitada por constantes erupções vulcânicas, Io é o inferno de fogo do Sistema Solar. Apesar de ser fria o bastante para ser coberta por dióxido de enxofre congelado, esta grande lua de Júpiter é o mundo mais vulcânico que conhecemos. Ela cospe 100 vezes mais lava que todos os vulcões da Terra, a partir de apenas 8% da área que eles ocupam. Io tem lagos borbulhantes de rocha fundida: o maior deles com mais de 200 quilômetros de diâmetro.
As forças de magma formam fissuras na crosta rochosa, criando linhas de lava que se estendem por até 50 quilômetros. As erupções de Io podem lançar nuvens de gás e poeira a 500 quilômetros no espaço. Essa violência vulcânica resulta de uma atração fatal entre Júpiter e as duas irmãs de Io, Europa e Ganimedes. Essas luas têm períodos orbitais duas e quatro vezes mais longos que Io, resultando em um alinhamento das três luas esporadicamente e numa órbita elíptica para Io.
À medida que percorre sua órbita, Io sofre mais ou menos influência da gravidade de Júpiter. Essas tensões e pressões aquecem o satélite por dentro em um processo conhecido como aquecimento por marés. O efeito é tão poderoso em Io que as rochas derretem, criando os vulcões. O vulcanismo extremo pode ser comum no universo. O recém- descoberto planeta Corot- 7b orbita muito perto de sua estrela e por isso sente uma forte atração gravitacional. Se sua órbita for ligeiramente elíptica, haverá aquecimento por marés suficiente para cobrir o planeta de vulcões. Assim, Io será só uma amostra das condições de tantos exoplanetas infernais.
Io parece estar esfriando, provavelmente porque sua órbita se tornou menos elíptica do que já foi. Em dezenas ou centenas de milhões de anos, as órbitas de Io, Europa e Ganimedes poderão sair de sincronia, deixando Io percorrer um caminho próximo ao circular, com quase nenhum aquecimento por marés. Então o fogo de Io finalmente se apagará.

Fonte: http://info.abril.com.br/

Nenhum comentário: