Ilustração mostra o disco de poeira ao redor da jovem estrela IRAS 13481-6124, que possui 20 vezes a massa do Sol
SÃO PAULO – Um dos grandes mistérios do universo (entre os muitos enigmas ainda não resolvidos pelos astrônomos) pode ter sido finalmente desvendado: como nascem as estrelas de grande massa?
Simples: elas se formam da mesma maneira que as estrelas de menor porte, como o nosso Sol.
A descoberta foi feita pela equipe liderada por Stefan Kraus, membro da NASA Sagan Exoplanet Fellow e astrônomo na Universidade do Michigan, e, apesar de parecer bastante simplória, tem grandes implicações para o estudo do espaço.
Se as estrelas de grande massa se formam como as menores, isso significa que poderiam existir planetas ao redor de alguns dos maiores corpos da galáxia.
Escondidas na poeira
Porque estes corpos estão muito longe e cercados de camadas de poeira, é difícil observá-los. Usando o Very Large Telescope, do European Southern Observatory, no Chile, a equipe de Kraus focou em um único ponto do espaço. A IRAS 13481-6124 é uma estrela jovem com 20 vezes mais massa do que o Sol, localizada a 10 mil anos-luz na constelação de Centauro.Para efeito de comparação, o Sol possui 2X10^27 toneladas.
Combinando diferentes imagens, os astrônomos conseguiram visualizar com clareza a região mais interna que cerca a estrela e descobriram que um disco grande de poeira e gás circunda o corpo celeste. Tal disco é quase idêntico ao encontrado ao redor de jovens pequenas estrelas – porém muito maior (com massa equivalente a da estrela que cerca). Um disco como este nunca havia sido observado ao redor de uma estrela de grande massa.
A presença dele é um forte indício de que esses grandes corpos se formam pelos mesmos processos das estrelas menores. A teoria mais aceita para a formação das estrelas de médio e pequeno porte é a de que elas “crescem” das densas acumulações de gás e poeira, o que explica o disco ao seu redor quando finalmente estão prontas. É este disco que pode fornecer material também para a formação de planetas. Conforme “amadurecem”, as estrelas emitem radiação e ventos estelares que dissipam o disco, deixando a estrela e seus planetas livres da camada de poeira e gás.
Portanto, a descoberta de um disco ao redor da a IRAS 13481-6124 também quase descarta a possibilidade de que estrelas de grande massa tenham surgido por meio da fusão de pequenas estrelas, como alguns cientistas acreditavam.
Os resultados obtidos foram confirmados por outro telescópio, o Spitzer, controlado pela NASA. As análises sugerem a possibilidade de que planetas, até mesmo similares à Terra, possa existir ao redor de estrelas como a IRAS 13481-6124. Os cientistas acreditam, no entanto, que os planetas ao redor dessas estrelas gigantes não durariam muito, pois seriam destruídos pelos fortes ventos estelares e radiação assim que o disco protetor se dissipasse.
O estudo ainda tem outras grandes implicações: as estrelas gigantes, como a IRAS 13481-6124, são consideradas a base para o surgimento da vida. Dentro delas, muitos elementos pesados, necessários para a vida, são criados.
Fonte: http://info.abril.com.br/
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