domingo, julho 05, 2009

Patch no Linux pode evitar risco de processos da Microsoft

Em fevereiro deste ano a TomTom, fabricante de dispositivos GPS para navegação automotiva, foi processada pela Microsoft por violação de duas de suas patentes, relacionadas à criação e manipulação de arquivos em discos formatados com o sistema de arquivos FAT, usado no MS-DOS e todas as versões do Windows. Microsoft e TomTom eventualmente chegaram a um acordo, mas o episódio preocupou os desenvolvedores do Linux.
O modo como o sistema lida com discos formatados em FAT é o mesmo usado pela TomTom, e poderia gerar processos contra desenvolvedores e distribuições Linux. A solução mais simples, eliminar o suporte a este sistema de arquivos, é inviável já que implicaria eliminar também o suporte a milhares de aparelhos já nas mãos dos usuários.
Apesar de ser atualmente considerado obsoleto, o sistema criado pela própria Microsoft na década de 80 foi usado durante décadas em todos os PCs com o MS-DOS e, mais tarde, em todas as versões do Windows até hoje. Devido a essa popularidade é usado em praticamente qualquer aparelho que precise ler e gravar dados em um "disco", seja um disco rígido ou memória flash, de pendrives a MP3 players, câmeras digitais e, claro, unidades GPS.
Andrew Tridgell, autor do Samba, software que permite que máquinas Linux participem de redes Microsoft, pode ter encontrado uma solução. As patentes em questão são relacionadas à forma como o sistema operacional lida com os nomes dos arquivos: sistemas FAT16 limitam os nomes a 11 caracteres, 8 para o nome, um ponto e mais 3 para a extensão (ex: arquivos.txt).
Sistemas FAT 32, mais modernos, permitem até 256 caracteres no nome do arquivo, mas ao mesmo tempo geram um nome no antigo formato 8.3 para garantir a compatibilidade dos discos com sistemas operacionais que só compreendam o antigo formato FAT16. É nesse processo que está o problema: a patente da Microsoft lida com a geração de um nome para um arquivo em ambos os formatos.
A solução proposta por Tridgell, na forma de um patch para o kernel Linux, é engenhosa: ao criar um arquivo, o nome é verificado. Se ele "couber" no espaço de 11 caracteres, a convenção antiga (8.3) é usada, e um nome longo para o arquivo não é gerado. Caso contrário, um nome longo é gerado, e o que seria o nome "curto" é preenchido com caracteres inválidos, fazendo com que seja ignorado pelo sistema. Ou seja, na prática o arquivo fica tendo só um nome longo ou só um nome curto, mas não os dois, evitando a patente.
Segundo o site Ars Technica, código está sendo analisado por uma equipe de advogados da Linux Foundation, que acredita que ele evita todas as questões legais possíveis, além de não alterar, na maioria dos casos, o comportamento esperado pelo usuário quando este lida com discos formatados em FAT. Se o código for aprovado, será incluído na distribuição oficial do kernel Linux.
A Linux Foundation lembra que acredita que a patente da Microsoft é inválida. O patch funciona como uma "medida de segurança", permitindo que empresas continuem usando o suporte ao sistema de arquivos FAT se necessário, ao mesmo tempo em que evitam o risco de uma batalha legal que pode ser dispendiosa, cansativa e, para pequenas empresas, até mesmo letal.

Fonte: www.terra.com.br

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