sexta-feira, setembro 28, 2012

Produção de petróleo do Brasil crescerá 158% até 2021, diz EPE

O documento integrará o novo Plano Decenal de Expansão de Energia, que prevê uma redução do petróleo na participação da matriz energética brasileira

Brasília (DF) - A produção de petróleo no Brasil crescerá 158% até 2021 em relação aos patamares de 2011, de acordo com projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgada nesta quarta-feira. A extração de petróleo brasileira, atualmente levemente acima da faixa dos 2 milhões de barris por dia (bpd), deve evoluir para 5,43 milhões de bpd até 2021, segundo estudo que foi colocado em consulta pública no Ministério da Minas e Energia.

No ano passado, a produção realizada de petróleo foi de 2,1 milhões de barris por dia, segundo a EPE.

As estimativas de produção nacional de petróleo e gás natural foram calculadas com base nos recursos já descobertos, com comercialidade declarada (reservas) ou sob avaliação exploratória (recursos contingentes).

Alguns recursos não descobertos também foram considerados, com base no conhecimento geológico das bacias sedimentares brasileiras, tanto em áreas já contratadas com empresas quanto em parte das áreas da União (não contratadas).

Petrobras

A estimativa de extração da EPE é otimista em relação à previsão da maior empresa petrolífera do País, a Petrobras, responsável por mais de 90% de toda a produção. A estatal previu no seu mais novo Plano de Negócios uma produção média diária em 2020 de 4,2 milhões de barris, volume menor que os 4,9 milhões de barris/dia estimados no plano anterior.

Neste ano, a Petrobras vem enfrentando dificuldades com paradas das plataformas para manutenção, baixa produtividade da bacia de Campos e a paralisação do campo de Frade, operado pela Chevron, onde detém participação de 30%, depois de um vazamento em novembro de 2011.

Alguns analistas já arriscam apostar que a companhia poderá apresentar em 2012 a primeira queda de produção anual de petróleo em oito anos, contrastando com um período de brilho no setor de exploração da estatal. Nos últimos anos, a companhia anunciou a descoberta de campos gigantes na camada do pré-sal e foi uma das petrolíferas que mais agregou reservas no mundo.

Demanda

Segundo a EPE, a demanda nacional por petróleo no período, será um pouco maior que a metade da produção nacional, de 2,89 milhões de bpd, nos próximos 10 anos. Quase a totalidade do excedente, de 2,54 milhões de bpd, deverá ser direcionada à exportação, afirmou a EPE.

Para atender à projeção de aumento de produção, prevê-se a necessidade de 90 novas plataformas do tipo FPSO, incluindo a conversão de navios existentes, segundo a estatal de pesquisa energética. A capacidade nominal de refino, com a implantação de quatro novas refinarias, passará dos atuais 2 milhões de bpd para pouco mais de 3,3 milhões de bpd em 2021.

Fonte: Portal Terra

quinta-feira, setembro 27, 2012

Força-tarefa para formar engenheiros qualificados

Quantidade e qualidade são os principais desafios que o Brasil deve enfrentar nos próximos anos quando o assunto é a formação de engenheiros. Com altas estimativas de demanda e pouca oferta de mão de obra qualificada, muitas instituições de ensino já apostam na criação de cursos para esses profissionais. Agora, é a vez de organizações sem fins lucrativos como o Instituto de Engenharia e o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo também investirem na formação da área.

De acordo com um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil precisará formar, até 2020, 95 mil engenheiros por ano para sustentar um crescimento econômico anual por volta dos 4% (uma expansão de 2,5% exigiria mais de 70 mil engenheiros por ano). Pelo mais recente levantamento da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (Abenge), o número de formandos na área em 2010 foi de 41 mil.

O déficit de engenheiros, no entanto, não é o único dado que se destaca no levantamento. Ainda segundo o Ipea, menos de 30% dos formados em engenharia em 2008 saíram de universidades consideradas de alto desempenho, com conceito 4 ou 5 no Ministério da Educação (MEC). A maior parte dos graduados (42%) formou-se em instituições com conceito 1 ou 2.

Especialistas concordam que a graduação em engenharia, mesmo nas escolas mais renomadas, ainda não oferece o tipo de conhecimento de gestão e negócios que o mercado exige hoje. “Existe uma diferença entre o que as empresas precisam e o que a universidade ensina”, diz Denise Retamal, diretora executiva da consultoria de recrutamento Rhio’s, especializada nas indústrias de mineração, petróleo & gás, energia, construção civil, engenharia e infraestrutura. Para a consultora, o que mais falta atualmente são profissionais que aliem conhecimento em uma especialidade e experiência no mercado, além de visão estratégica de negócios e idiomas estrangeiros.

Para Vanderli Fava de Oliveira, diretor de comunicação da Abenge, só agora os cursos de engenharia estão começando a perceber a necessidade de transmitir aos profissionais habilidades relacionadas à gestão. “As escolas estão verificando que, além de formar a base tecnológica, precisam também ensinar a gerir essa tecnologia”, explica.

De acordo com Oliveira, a velocidade com que as técnicas ficam obsoletas cria não só a necessidade de se manter atualizado constantemente, mas torna fundamental saber administrar a tecnologia – e não apenas usá-la. “O que falta é negócio, é como ganhar dinheiro com engenharia”, simplifica Hélio Guerra, presidente da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP).

Dessa demanda surgiu a Escola Superior de Negócios em Engenharia (Esne), fruto de uma parceria do Instituto de Engenharia, organização sem fins lucrativos fundada em São Paulo em 1916, e a FDTE, organização criada por Guerra e um grupo de professores da Escola Politécnica da USP nos anos 1970. Com aulas iniciadas em agosto, a escola oferece cursos de extensão em negócios públicos e privados em engenharia. Os temas abordados incluem gestão de projetos, legislação, finanças e análise de risco. “São assuntos que não são vistos na graduação”, diz Guerra. Os programas são voltados para engenheiros que já possuem experiência e buscam se capacitar para assumir cargos de liderança, além de profissionais de outras áreas que participem de projetos.

Já o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) resolveu focar na graduação para lidar com os desafios de qualidade na formação em engenharia. No fim de 2009, começou a desenvolver o projeto do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), fundado no ano passado. Com sede em São Paulo, começa neste semestre a promover cursos de extensão em áreas específicas como propriedade intelectual e gestão ambiental. Mas o grande projeto virá no ano que vem, quando a instituição começará a oferecer um curso de graduação em engenharia da inovação. “Vimos que a necessidade de profissionais que podem contribuir para o desenvolvimento de inovação de produto e de processo seria um gargalo para qualquer projeto de desenvolvimento do país”, diz Antonio Octaviano, diretor-geral do instituto.

O curso pretende ter uma base mais generalista do que os outros cursos de engenharia. “O profissional precisa ter um perfil diferente tanto do que tínhamos antes quanto do que ainda formamos, que é o do engenheiro ultraespecializado”, explica.

Com a intenção de desenvolver uma relação permanente com o mercado, o currículo do curso se concentra em gestão, abrange áreas como a comunicação e quer promover a participação de professores visitantes de outros países. A decisão de focar a atuação do instituto na graduação veio da necessidade de formar um profissional mais flexível, capaz de transitar entre diferentes áreas – demanda que os idealizadores viram no mercado. “A evolução técnica é muito intensa. É preciso ter a competência para transitar em diferentes áreas com mesma qualidade.”

Fonte: Valor Econômico

Petrobras investe em bactéria para recuperar campos de petróleo

Em meio à perspectiva de registrar o primeiro recuo na produção desde 2007, a Petrobras investe em biotecnologia para adiar o processo natural de queda de produção dos campos maduros terrestres, alguns em atividade há mais de 40 anos.

Análise: Maior parte da produção está em alto-mar e vive declínio

A nova aposta da empresa é o uso de bactérias e outros micro-organismos capazes de acelerar o processo de degradação do óleo, aumentando sua fluidez e elevando o percentual de aproveitamento comercial dos reservatórios.

A pesquisa ainda está em fase inicial e integra um rol mais amplo de iniciativas. Desde meados dos anos 2000, a Petrobras decidiu investir na recuperação dos campos maduros, que conseguiram inverter a curva de declínio e recuperar produção.

Até 2005, a produção nesses campos era de 200 mil barris diários e recuava ano a ano. Hoje, chega a 250 mil –mais de 10% da extração total da companhia, de cerca de 2 milhões de barris/dia.

Para evitar a derrocada dos campos, a estatal investiu em tecnologia de ponta. Primeiro, foram empregadas as técnicas de injeção de água e vapor nos reservatórios.

Agora, além da aposta na biotecnologia, a empresa também investe na instalação de “bombas” de vapor no fundo dos poços (técnica mais barata do que a injeção de vapor); na injeção de água em “pulsos” alternados (com diferentes níveis de pressão) e na injeção de glicerina nos reservatórios.

Segundo Carlos Eugênio Ressurreição, gerente de Reservatórios da Petrobras, a meta da empresa é atingir uma recuperação de até 70%.

Graças às iniciativas aplicadas nos últimos anos, o percentual de aproveitamento dos reservatórios subiu de 25% para 32% –nível superior à média mundial.

Ressurreição diz ainda que as reservas se estabilizaram em torno de 900 milhões de barris, apesar de não terem sido realizadas descobertas relevantes em terra desde os anos 70.

Fonte: Folha de São Paulo por (Pedro Soares do Rio)