Sindipetro NF denúncia que além da insegurança, petroleiros enfrentam problemas com acomodações e alimentação
Rio de Janeiro (RJ) - O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) vem a público registrar um alerta sobre os constantes abusos cometidos pela Petrobrás, e por empresas do setor petróleo privado, contra os seus trabalhadores. A realidade divulgada por essas empresas em suas ações de marketing costuma ser a de que mantêm programas de responsabilidade social e que respeitam e valorizam os seus empregados. Mas esta não é a realidade.
O sindicato, neste final de 2012, se reuniu com a SRTE (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), no Rio, para, mais uma vez, formalizar denúncias sobre condições inseguras em áreas operacionais e pedir fiscalização em plataformas que conservam situações desumanas de alimentação e alojamento.
Parece inacreditável, mas a entidade recebeu ao longo do ano diversos relatos de trabalhadores embarcados sobre a existência de baratas (e outros vetores) em cozinhas e refeitórios, falta de itens de alimentação, superlotação de camarotes e sanitários interditados.
Somente para exemplificar, a denúncia recente do sindicato à SRTE inclui dois casos da Bacia de Campos: na P-20, o sistema de vácuo para dejetos apresenta defeito e impõe que a quase totalidade do vasos sanitários públicos e em camarotes não possam ser usados. Na P-32, há camarotes que abrigam até 20 petroleiros, quando a norma (Anexo II da NR-30) determina que cada camarote deve ter, no máximo, quatro trabalhadores.
Problemas semelhantes também ocorreram em 2012 em plataformas como P-27, P-09, PGP-1, P-54, entre outras.
Levantamento do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF mostra ainda que, neste ano, aumentou o número de CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) nas unidades do Norte Fluminense. Foram 1680 comunicações até o último dia 18 — em 2011 foram1610. Amédia diária é de 4,8 casos. O maior número de vítimas de insegurança continua a vir do setor privado. Entre trabalhadores da Petrobrás, o número caiu de 372 para 298, mas entre os petroleiros de empresas privadas o número aumentou de 1207 para 1360, na comparação com 2011.
Estes números se referem apenas a acidentes registrados. O sindicato, no entanto, alerta para o fato de que são recorrentes as chamadas subnotificações — casos não registrados ou com dados que não abrangem a gravidade da situação. Para a entidade, o número de acidentes pode ser até três vezes maior daquele admitido oficialmente pelas empresas.
Em todo o país, de acordo com a FUP (Federação Única dos Petroleiros), 14 petroleiros perderam suas vidas no sistema Petrobrás em 2012. Na região, houve uma morte no local de trabalho e seis mortes no trajeto para a empresa.
Para o Sindipetro-NF, esta é uma realidade inadmissível para qualquer atividade econômica, e muito especialmente para o um dos setores mais lucrativos do mundo. A entidade exige que a excelência que a Petrobrás se orgulha de ter, fruto do suor e capacitação técnica dos trabalhadores, também se aplique aos cuidados mínimos dispensados à sua força de trabalho, assim como também aos petroleiros de empresas privadas.
Nestas festas de final de ano, quando muitos estarão com as suas famílias, milhares de petroleiros estarão embarcados, enfrentando riscos e as condições adversas relatadas, para que não falte a energia necessária para impulsionar o País. A estes trabalhadores, que por dias se mantêm em situação de confinamento, o mínimo que se deve garantir é o que prevêem as normas de segurança e de habitabilidade.
Da Redação
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