Uma das mudanças mais profundas em curso com os adventos do petróleo de águas profundas e o gás não-convencional (shale gas) é o aprofundamento da integração tecnológica entre as renováveis e os “novos” hidrocarbonetos.
A exploração petrolífera em offshore (mais onerosa do que a onshore), combinada com o crescimento da procura de energia a nível mundial, aumentou a necessidade de elevar o factor de recuperação dos poços, ou seja, aumentar o seu nível de extração de petróleo extraído. A consequência foi a criação de uma linha de tecnologias designada por Enhanced Oil Recovery (EOR).
Dentro desta tendência, em termos simples, uma das vias mais exploradas é a (re)injecção de CO2 nos poços para aumentar o factor de recuperação, já que este gás cria mais pressão no reservatório, causando uma maior libertação de hidrocarbonetos. O CO2 fica “sequestrado” no poço, diminuindo desta forma a intensidade carbónica da atividade de produção petrolífera.
Todavia, esta operação também exige maior consumo energético e um fornecimento sustentável de CO2, sendo este um dos maiores desafios no desenho logístico das plataformas de exploração petrolífera.
Usar o sol para extrair petróleo
Curiosamente, uma das soluções que está a ser utilizada por uma das maiores operadoras mundiais, a Chevron, é a aplicação de uma variante tecnológica da energia solar térmica para extrair petróleo. Os raios solares são concentrados em espelhos, que direcciona o calor para uma caldeira, onde o vapor gerado pela energia solar é injectado no poço, facilitando a subida do petróleo para a superficie.
E feitas as contas, a Chevron conclui que é mais barato o EOR com energia solar do que com gás natural. As empresas que receberam investimentos maçicos para desenvolver esta tecnologia são a Brightsource e a Glasspoint Solar, que o leitor pode consultar aqui.
O Gás Natural é o melhor amigo das renováveis
E nesta tendência de aliança tecnológica entre as renováveis e os hidrocarbonetos, outro sinal importante é a recente turbina criada pela General Eletric que permite utilizar de forma integrada gás natural e renováveis, de forma a compensar a volatilidade e aproveitar a diversidade destas últimas.
O insuspeito Rocky Mountain Institute, um dos mais respeitados think tanks de energias renováveis nos EUA (o seu presidente Amory Lovins é conselheiro de Obama), classificou esta tecnologia como sendo estratégica para aumentar a penetração de renováveis no mercado.
Complementaridade inteligente é competitividade energética
O que existe de comum nestas duas abordagens? O pragmatismo americano na política energética, plasmada na aproximação entre as renováveis e o petróleo e gás, criando soluções inteligentes que conseguem aproveitar as vantagens competitivas de cada uma
das fontes energéticas.
As comunidades científicas e políticas da área energética nos EUA, ao contrário das europeias, já compreenderam que a solução reside na complementaridade entre as fontes e não na substituição absoluta de uma por outra.
Fonte: Sapo PT
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