Jornal britânico destacou os efeitos da depreciação do real no crescente nível de endividamento externo da Petrobras e criticou as restrições ao investimento externo no setor petrolífero brasileiro
Reino Unido - O jornal britânico Financial Times (FT) criticou as influências políticas na estatal brasileira Petrobras em uma reportagem publicada nesta segunda-feira e culpou os subsídios ao consumo de combustível pela classe média do País pelos problemas financeiros da empresa.
As críticas foram feitas na reportagem intitulada "Da favela à mesa de decisões", em que o jornal faz um perfil da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, entrevistada pela jornalista Samantha Pearson no Rio de Janeiro.
"A já antiga política do governo de manter os preços dos combustíveis no mercado doméstico artificialmente baixos forçou a Petrobras a importar petróleo com prejuízo para satisfazer à demanda insaciável da classe média brasileira", afirma o jornal, após classificar a Petrobras como uma das "empresas com pior performance" do setor e enfatizar a queda de 20% das ações da empresa nos últimos dois anos.
O jornal lembra que, em 2006, o governo permitiu um aumento "moderado" dos preços da gasolina e do diesel, mas faz a ressalva de que essa foi a primeira elevação de preços desde 2006. Na entrevista ao Financial Times, Foster teria dito que "faria sentido fazer mais ajustes no tempo certo", embora tenha evitado críticas diretas ao governo.
Na matéria, o jornal britânico também destacou os efeitos da depreciação do real no crescente nível de endividamento externo da Petrobras e criticou as restrições ao investimento externo no setor petrolífero brasileiro.
"Uma regulamentação complexa sobre a distribuição de lucros do petróleo reduziu o ritmo das atividades de exploração e as restrições duras à contratação de companhias estrangeiras têm sido responsabilizadas por altas recentes nos custos da empresa", diz o FT.
Trajetória
Em junho, no primeiro plano de negócios (2011-2012) divulgado sob a gestão de Foster, a Petrobras revisou suas metas de expansão, reduzindo em 700 mil barris de petróleo por dia a estimativa de aumento na produção até 2020.
Foster assumiu a presidência da empresa em fevereiro e justificou o ajuste dizendo que era preciso adotar metas mais pragmáticas e "realistas", que possam ser cumpridas e cobradas no futuro.
Nascida em Minas Gerais, ela se mudou com a família para o Rio de Janeiro quando ainda era criança e foi viver no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, onde catava latas para pagar por seus livros escolares.
Formada em engenharia química, Foster entrou na Petrobras em 1978 como estagiária. Segundo o Financial Times, a história da executiva "ecoa" a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva e a trajetória de 40 milhões de brasileiros que cruzaram a linha de pobreza na última década.
Fonte: Portal IG
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