quarta-feira, março 28, 2012

Multas ambientais são apenas ''educativas'', diz especialista


Em entrevista à Macaé Offshore, perito ambiental afirmou que multas são medidas pedagógicas, com pouco efeito prático

Rio de Janeiro (RJ) - O perito ambiental e especialista em valoração de desastres ecológicos, Antônio Libório Philomena afirmou, em entrevista à Macaé Offshore, que as multas aplicadas em vazamentos de petróleo são medidas puramente pedagógicas, cujo resultado efetivo é pequeno: “Em um panorama geral dos desastres ambientais, as multas são medidas pedagógicas que pouco efeito têm”, disparou.

Philomena também falou sobre os gargalos na valoração de multas, ressaltando a falta de dados sobre o meio ambiente como principal razão: “A indústria evoluiu muito na parte tecnológica, mas na parte ambiental estamos ficando para trás. Nossas referências são de livros de outros lugares, nossos estudos são fracos, nossos parâmetros não são firmes. Por isso, há multas que são irrisórias e outras estratosféricas, por não haver um bom senso em calcular”.

Com a falta de referências adequadas para os cálculos, o especialista afirma que “90% dos cálculos têm como base a economia e a economia não é parâmetro para esse tipo de cálculo. O dinheiro circula entre os homens, mas não na natureza”.

O professor, que por oito anos já participou de pesquisas no estado da Louisiana (EUA), uma região petrolífera do país, falou sobre a abundância de dados nos países desenvolvidos e os comparou com o Brasil: “É quase um teatro. Em países de primeiro mundo, temos dados desde 1800 sobre o meio-ambiente, ecossistema…Não entendemos bem como é o mar, nem quanto de petróleo fica no mar, quanto é retirado…Quase toda multa é subvalorada e os empresários estão sempre 'se dando bem'”, disse.

Quando perguntado sobre as medidas de limpeza do meio ambiente tomadas pelas empresas na ocasião de um vazamento, Philomena criticou, dizendo, inclusive, que o efeito pode ser contrário: “Num derrame, elas limpam o que a mídia gosta de ver. Não conheço um método de limpeza onde eu assino embaixo. Os processos químicos poluem igual ou mais do que o próprio derrame”.

Ainda falando sobre as empresas de petróleo, o especialista disse que a preocupação principal não é o dinheiro, mas a exposição dos danos ambientais com clareza: “O comportamento das petrolíferas é sempre igual. O problema delas não é o dinheiro, mas tentarem disfarçar o que acontece. A indústria faz de conta que é transparente, mas não é. Já passamos dessa fase de trazer técnicos de outros países para dar credibilidade às nossas pesquisas. Temos muitos bons pesquisadores por aqui”.

Outro ponto abordado pelo perito ambiental foi o paradeiro das quantias pagas em multas por desastres ambientais, sempre duvidosos ou mal definidos: “O dinheiro das multas não é bem direcionado. O próprio IBAMA recebe entre 30 e 40 por cento disso”, afirmou.

Fonte: http://www.macaeoffshore.com.br/

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