A produção brasileira de petróleo e gás crescerá fortemente ao longo desta década especialmente por conta dos bons resultados na exploração da chamada camada do pré-sal. O aumento da produção ocorrerá em blocos já licitados ou cedidos à Petrobras. Esse crescimento vem sendo precedido por expressiva demanda por equipamentos e serviços, que alçaram o mercado brasileiro a um dos mais atraentes para a as empresas de suprimentos da indústria petrolífera em todo o mundo.
Por conta dessa demanda e dos avanços necessários para o desenvolvimento dos campos de petróleo em águas ultraprofundas e muito afastados do litoral, o Rio passou a receber uma série de centros de pesquisa de companhias ligadas ao setor, que está se abrigando principalmente no parque tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão. O país terá uma oportunidade única, e o Rio em especial, de atrelar a Universidade a esse inevitável salto tecnológico que se dará.
Em paralelo, a construção de embarcações e plataformas de petróleo reabilitou antigos estaleiros e fez surgir outros novos. O mais recente, em Pernambuco, em breve será o de maior capacidade do país. Mas tal posição poderá ser perdida pouco tempo depois para o estaleiro que está nascendo no Açu (litoral norte fluminense), resultado da associação de um grupo brasileiro com uma multinacional sul-coreana.
Devido à proximidade com as áreas de exploração do pré-sal, portos do Rio de Janeiro vêm ganhando mais vigor, exigindo uma repaginação de todo a logística de transportes no Estado.
Tantos desafios juntos exigem uma mobilização significativa para a eliminação de gargalos que podem atravancar o crescimento do setor. Os gargalos são muitos, e vão desde a falta de infraestrutura a ineficiências na cadeia produtiva. Além disso, existe a necessidade de se qualificar pessoas para viabilizar os investimentos, num contingente estimado na casa de 200 mil.
O Brasil não estaria diante desses desafios se tivesse permanecido com as políticas do passado, calcadas em monopólios estatais e reservas de mercado. A abertura do mercado é que tem proporcionado um dinamismo sem igual nos setores de petróleo, energia elétrica e telecomunicações.
A abertura possibilitou a entrada de novos atores nesse cenário, seja em parceria com a Petrobras, por exemplo, ou por sua própria conta e risco. E esse movimento também tem atraído para o país fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços. No caso do petróleo, há uma política que privilegia o conteúdo nacional nos bens e serviços contratados pelo setor. Tal compromisso foi previamente assumido pelas empresas que disputaram e ganharam a concessão dos blocos licitados nas rodadas promovidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), incluindo aqueles onde já houve grandes descobertas no pré-sal.
É uma política que merece ser aperfeiçoada, para permitir que as empresas aqui instaladas produzam rapidamente dentro de padrões internacionais. Isso somente ocorrerá se não houver restrições aos que desejarem investir na produção local. Reservas de mercado para reinventar a roda, nos moldes do fracassado modelo que o Brasil adotou para a informática nos anos 70 e 80, nunca mais.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
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