No momento há 23 plataformas perfurando poços em águas de 900 metros de profundidade ou mais
O Golfo do México está de volta como fonte de petróleo para grandes empresas de energia, pouco mais de um ano depois que o governo do presidente Barack Obama encerrou a maior parte das perfurações, em conseqüência do maior derramamento de petróleo no mar já ocorrido na história dos Estados Unidos.
O surto de atividade acontece agora que o governo americano se prepara para tornar mais rigorosa sua supervisão das perfurações em alto mar. Na ultima quarta-feira (14), os reguladores federais que investigam o desastre da plataforma Deepwater Horizon divulgaram um relatório recomendando inúmeras mudanças.
A perfuração voltou a níveis normais no Golfo do México. No momento há 23 plataformas perfurando poços em águas de 900 metros de profundidade ou mais, segundo estatísticas federais. É o mesmo número de dois anos atrás.
As explorações estão sendo impulsionadas por uma série de grandes descobertas petrolíferas feitas este ano em águas profundas no Golfo. Elas se seguem a outras descobertas igualmente impressionantes feitas em 2009 e início de 2010, antes do desastre da Deepwater Horizon.
Os novos campos petrolíferos estão sendo encontrados em rochas enterradas a grande profundidade, sob forte pressão, e a perfuração deve ser cuidadosamente monitorada para evitar desastres.
Não é claro quanto tempo vai durar o renovado caso de amor entre o Golfo do México e as grandes empresas petrolíferas. A mais recente série de descobertas se localiza em grandes profundidades e muitas estão perto do limite das águas territoriais dos EUA.
A BHP Billiton PLC e a Chevron Corp. anunciaram na semana passada, em separado, novas descobertas petrolíferas. Os dois campos estão a mais de 160 quilômetros da costa e a mais de 1.200 metros de profundidade. Ao todo, esses depósitos contêm vários bilhões de barris de petróleo, o suficiente para manter o Golfo do México como grande região produtora por vários anos.
A BP PLC, que contratou a plataforma Deepwater Horizon, continua buscando ativamente, embora com discrição, as riquezas de energia do Golfo, apesar de enfrentar graves e numerosos litígios civis devido à explosão no poço. Ela tem uma grande participação na recente descoberta da BHP Billiton e tem duas plataformas sob contrato trabalhando para desenvolver seu gigantesco campo Atlantis, descoberto em águas profundas, segundo informes federais. Um porta-voz da BP não quis falar sobre as atividades da empresa no Golfo, mas disse que ela sempre assumiu sua responsabilidade pelo derramamento de óleo.
A exploração vem sendo impulsionada pelos altos preços do petróleo, bem como por tecnologias aperfeiçoadas, que permitem aos geólogos detectar o petróleo a distância antes da perfuração. "Cada vez que começamos a ver algo que sugere que a área está esgotada, recebemos uma nova imagem sísmica", disse Bobby Ryan, vice-presidente da Chevron para exploração global, "e vemos oportunidades em áreas onde achávamos que não havia mais nada".
Com os anúncios de descobertas recentes, sobe para pelo menos quatro o número de campos petrolíferos do Golfo do México com um bilhão de barris de óleo recuperável. Houve apenas dez ou doze desses campos "super gigantes" descobertos nos Estados Unidos durante o século passado.
Esses sucessos da indústria petrolífera são notáveis tanto pelo tamanho dos campos descobertos como por sua complexidade. O campo Appomattox, descoberto em 2009 pela Royal Dutch Shell PLC marcou a primeira vez que a indústria explorou uma reserva em antigas rochas do período Jurássico. O campo Lucius, da Anadarko Petroleum Corp., descoberto em 2009, e o Cardomon Deep, da Shell, de 2010, encontraram petróleo [pré-sal] sob grandes camadas de sal, usando novas tecnologias que permitem às empresas enxergar em baixo da camada opaca de sal, usando ferramentas de pesquisa sísmica.
Tadeusz Patzek, presidente do conselho do Departamento de Engenharia de Petróleo e Geossistemas da Universidade do Texas em Austin, disse que o setor tem um apetite crescente pela exploração de risco. Mas alguns ambientalistas temem que a indústria petrolífera e o governo americano tenham decidido retomar com demasiada rapidez os níveis normais de atividade em águas profundas
Fonte: The Wall Street Journal
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