No momento, a cúpula da Petrobras está em Houston, nos Estados Unidos, participando da maior feira mundial de prospecção de petróleo no mar, a OTC (Offshore Technology Conference). Os números brasileiros lá chamam a atenção, pois são todos grandiosos. Hoje, o pré-sal contribui com 100 mil barris diários de petróleo e, em 2017, esse número será multiplicado por dez. Até lá, a Petrobras pretende instalar 13 unidades de produção no mar do pré-sal. O pré-sal é, ao mesmo tempo, uma grande riqueza e um grande desafio. A mais tradicional empresa mundial de consultoria, Booz & Company, estimou em US$ 650 bilhões os gastos para execução total do projeto.
Presente a Houston, o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Carlos Barros, afirmou que as demandas do setor, no Brasil, até 2020, serão de US$ 400 bilhões. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça, prevê que serão necessárias 97 plataformas, 510 barcos de apoio e 49 navios, ou seja, encomendas de US$ 150 bilhões nos próximos dez anos.
O presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, garante que o setor está se estruturando para atender à crescente demanda e manifesta certeza de ter apoio governamental, pois esse setor industrial só opera com apoio de governo. "Apoio significa viabilização de encomendas, normas práticas e financiamento. Queremos ser competitivos no mercado externo e nem de longe pensamos em obter subsídios" - explica Rocha.
No entanto, além do Custo Brasil - que onera excessivamente os produtores nacionais - há um grande desafio a ser vencido. A constante valorização do real estimula importações e torna os produtos e serviços brasileiros gravosos. As metas de nacionalização nas obras e produtos do pré-sal estão entre 65% e 70% e os mais otimistas chegam a esperar 80%. Mas com a atual cotação valorizada do real ante dólar, euro e coroa norueguesa, os mais realistas acham difícil manter as encomendas do pré-sal no país.
Recentes estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) comprovam ser difícil ou até impossível competir com fornecedores asiáticos em geral, especialmente os chineses. O dólar chegou a valer quase R$ 4 e hoje anda por volta de R$ 1,60. Com essa disparidade, a presidente Dilma terá de tirar muitos coelhos da cartola para viabilizar obras do pré-sal no Brasil. E ninguém quer o pré-sal com plataformas de Cingapura, navios da Coréia, sondas chinesas, motores ingleses, tecnologia americana e barcos de apoio noruegueses.
Expectativa
Há muita expectativa para a reunião, dia 12, do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM). Será a primeira do governo Dilma e marcará a posição do novo governo sobre construção naval. Fernando Henrique Cardoso - assessorado pelo então secretário do Tesouro, Joaquim Levy - retirava recursos do FMM para o caixa federal.
Lula fez o contrário, pois manteve os recursos do FMM - obtidos a partir de cobrança sobre o frete na importação - e ainda concedeu R$ 10 bilhões extras. A presidente parece ter intenção de estimular a construção de navios e plataformas no país, mas terá de assinar um cheque de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões ao FMM, para viabilizar os projetos de navios, barcos de apoio e três estaleiros - Eisa-Alagoas, Promar-Pernambuco e o estaleiro OSX, de Eike Batista no Norte Fluminense.
Para o futuro, o FMM precisará de novos e grandes aportes. Lula tinha uma ligação emocional com a construção naval. Em seus oito anos de governo, ele repetiu à exaustão que, ao lado do deputado Luiz Sérgio, em Angra dos Reis (RJ), ambos choraram ao ver o estaleiro Brasfels - antigo Verolme - entregue às traças e ele prometeu, se eleito, recuperar o setor, o que cumpriu. Agora, a bola está com Dilma.
Funcef
Manifesto, com 1.070 assinaturas de aposentados da Caixa Econômica Federal foi enviado à presidente Dilma Rousseff, com cópia para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e outras autoridades. Queixam-se os economiários federais que não têm recebido reposições a que fazem jus.
Reclamam que lhes foi retirado, sem respaldo legal, o direito adquirido à revisão de benefícios, de que trata a Lei Complementar 109/2001. Alegam que isso aconteceu, inclusive, de forma retroativa. A substituição ocorreu através de "recuperação de perdas", que, segundo os economiários, na verdade não atende a essa função de recuperar perdas.
No manifesto, os economiários contestam o poder paritário dos seis membros do conselho da Fundação dos Economiários Federais (Funcef) e declaram que os conselheiros indicados pela CEF não têm quaisquer vínculos históricos com a entidade.
Inflação
Não foi boa a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a inflação afeta todos os países emergentes. Parece uma desculpa prévia, ante uma possível derrota. Depois de sofrer com megainflação na era Sarney, de ser vítima de planos fracassados - Cruzado, Bresser e Collor - a população não quer de volta a inflação. Cabe ao governo agir, nem que para isso tenha de adiar o projeto de R$ 50 bilhões do trem-bala. O índice dos aluguéis - IGP-M - está próximo de incríveis 11%. E se o dólar subir - o que seria bom para indústria - a inflação crescerá ainda mais.
Antaq "news"
Na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), há expectativa em relação à posse do novo diretor, o ex-ministro dos Portos Pedro Brito. O dirigente do PSB deverá ser aprovado pelo Senado nesta quinta-feira e, antes mesmo de tomar posse na Antaq, já se diz que, em breve, ele passará a diretor-geral, em lugar de Fernando Fialho - homem de Sarney.
Por sua vez, o atual diretor-geral parece ter outros planos. Comenta-se que Fialho - cearense radicado no Maranhão - pretende ser candidato a prefeito de São Luis, possivelmente com apoio do clã Sarney.
Rápidas
Nesta quarta-feira, a Escola de Administração Judiciária (Esaj), do Tribunal de Justiça do Rio, promove a palestra Meio Ambiente e a Aplicação da Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídicas. Participarão o desembargador Sidney Hartung Buarque e a professora Mônica de Cavalcanti Gusmão *** O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, confirmou presença nesta quarta-feira, no Senado Federal, a pedido da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, para falar de logística *** O grupo IBC promove dia 9, no Rio, o Gas Summit Latin America e, no dia seguinte, em São Paulo, o 4º Congresso Brasileiro de Normas Contábeis para Empresas de Energia *** Do humorista José Simão: "Bin Laden deveria ter-se escondido em locais de pouco movimento, como nos salões de troféus de Vasco ou Corinthians" *** Começa dia 10, em Fortaleza (CE) o Adit Invest, evento de negócios das áreas de turismo e imóveis *** O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, estará nesta quarta-feira em Curitiba (PR) para inaugurar a Servopa, concessionária integrada ao ambiente, com estacionamento para bicicletas dos funcionários, uso de materiais reciclados, energia inteligente e aproveitamento de água *** Será dia 1º, em São Paulo, a C40, conferência de prefeitos das maiores cidades do mundo sobre ambiente *** O presidente da Alemanha, Christian Wulff, estará nesta sexta-feira em São Paulo, a convite da Câmara Brasil-Alemanha *** A terça-feira foi de bolsa em queda e dólar em alta
Fonte: http://www.monitormercantil.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário