O programa que aloca estudantes da rede pública em instituições privadas pode servir de modelo para o governo cumprir uma promessa difícil: expandir o ensino profissionaliznte em turno integral Por Marcos Graciani Logo na primeira semana de governo, a presidente Dilma Rousseff deu encaminhamento a uma proposta que, há tempos, era reivindicada não só por professores e pedagogos mas também por alguns dos setores mais importantes da indústria: a expansão da oferta de ensino médio integrado com o técnico – e em turno integral. Levada a Dilma pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, a proposta permite que estudantes de todo o país passem pelos cursos regular e profissionalizante em turnos alternados. O modelo já é adotado (com sucesso) pelo chamado Sistema S, um grupo de entidades industriais que inclui Senai, Senac e Senar. A ideia tem um propósito claro: acelerar a formação – e reduzir a escassez – de técnicos para a indústria. Na região sul, por exemplo, os representantes das três federações de indústrias afirmam em uníssono que o programa chega em hora apropriada. “É um projeto extremamente importante para um país que ainda precisa desenvolver muita tecnologia e, para isso, necessita formar muitos técnicos”, assegura Paulo Tigre, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Para os estudantes, esse modelo “híbrido” representa uma oportunidade de construir um currículo atraente em pouco tempo – e sem abrir mão da formação básica que o ensino médio regular oferece. Conforme os dados do Serviço Nacional da Indústria do Paraná (Senai-PR), quase 90% dos estudantes garantem um emprego até mesmo antes de finalizar o curso – o percentual vem aumentando gradualmente, há 30 anos, desde que os dados começaram a ser computados. Só no Paraná, a expectativa é de que o número de vagas nas escolas técnicas dobre para 12 mil até o final deste ano. “A escola técnica exige uma postura diferente do estudante. O estímulo para a busca do conhecimento é outro”, aponta João Barreto Lopes, diretor regional do Senai-PR. Gargalos crônicos Embora pareça animadora à primeira vista, a ideia de proporcionar turno integral com ensino técnico esbarra em alguns obstáculos – e dos grandes. Um deles é o fato de que ainda não existe, no país, estrutura suficiente para que o sistema público leve esse modelo para a totalidade dos estudantes. Atualmente, existem apenas 800 mil vagas no ensino técnico, uma ninharia para os mais de 8 milhões de jovens que ocupam as classes do ensino médio. O governo federal é responsável por menos da metade das vagas existentes (348 mil). O restante é coberto por instituições particulares e pelo Sistema S. De início, Dilma promete inaugurar mais 46 escolas públicas até o final deste ano. Até 2014, o total deve subir para 371 – praticamente sete novas unidades por mês –, com um investimento total de R$ 2,2 bilhões. Entretanto, mesmo que a meta seja cumprida à risca, o governo conseguirá elevar o número de vagas em apenas 50%. Fonte: http://www.amanha.com.br/
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