Várias transformações que se operaram aqui e no mundo tornaram o Brasil o “queridinho” do momento dos mercados internacionais. Internamente, o fator mais relevante foi termos pago totalmente a dívida externa pública e ido além disso: na verdade, viramos credores líquidos perante o exterior. (É óbvio que se o governo de um país tradicionalmente devedor se torna credor, sua avaliação diante dos financiadores muda completamente para melhor; aliás, é o mesmo que acontece com qualquer indíviduo devedor contumaz em bancos que de repente passa a aplicador líquido, em vez de frequente tomador de empréstimos).
Com efeito, em setembro de 2006 se materializava a virada. De uma dívida externa pública líquida de reservas internacionais máxima ao redor de R$ 240,7 bilhões (ou US$ 67,1 bilhões à taxa de câmbio da época) em fevereiro de 2003, passamos a credores líquidos a partir de setembro de 2006, o que se deu gradualmente, até chegarmos ao crédito máximo de R$ 328,6 em dezembro de 2008 ou US$ 137,3 bilhões, valor esse que se mantém ao redor dessa marca desde então. Por se tratar de uma virada de posição de nada menos do que R$ 569,3 bilhões em período tão curto, isso representa um feito espantoso e inédito para os padrões históricos brasileiros.
Em segundo lugar, vimos mantendo superávits fiscais elevados há muito tempo, saldos esses capazes de controlar e, em algumas fases, reduzir fortemente a razão entre a dívida pública líquida de ativos financeiros e o PIB. Mais recentemente, há controvérsias sobre a real capacidade de continuar gerando tais superávits elevados, mas isso foge ao escopo desta nota.
Por último, temos conseguido manter a inflação dentro do intervalo de metas, demonstrando a eficácia da atual política de combate à inflação, outro feito altamente relevante para um País que há pouco se situava à beira da hiperinflação.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário