sexta-feira, dezembro 18, 2009

Revistas se preparam para os tablet PCs


As editoras de revistas estão aproveitando sua segunda chance. Depois de deixar a internet escapulir de suas mãos e ver leitores eletrônicos como o Kindle, da Amazon, se desenvolverem sem sua contribuição, as editoras estão tentando mais uma vez com os iPhones da Apple e, especialmente, o tablet PC.
Apesar de as editoras não estarem exatamente no limiar da tecnologia, duas revistas - Esquire e GQ - criaram versões para o iPhone, enquanto Wired e Sports Illustrated desenvolveram modelos de suas edições impressas para o tablet PC, meses antes de qualquer tablet chegar ao mercado. As editoras também estão usando a oportunidade para consertar seu modelo de negócio.
"Isso pode ajudá-las a se reafirmar, não apenas controlar, mas se reafirmar e sair da espiral da morte em que algumas se encontravam nos últimos anos", disse Ned May, diretor e principal analista da empresa de pesquisas Outsell.
Quando o setor de revistas chegou aos aplicativos do iPhone, sua estratégia lembrou a forma tímida pela qual se inseriu na web. Os aplicativos eram gratuitos, os recursos eram um pouco fracos em comparação ao que desenvolvedores independentes podiam fazer e o design rico da versão impressa não se traduzia na tela de toque.
Mas a versão para o iPhone que a Esquire espera lançar com sua edição de janeiro vai oferecer recursos de alta interatividade, o que não sairá de graça. O preço, US$ 2,99 mensais, é baixo, mas passa uma mensagem forte.
"Por todo o setor de revistas, com muito poucas exceções, ainda cobramos baixo demais pelos nossos produtos", disse David Granger, editor-chefe da Esquire, se referindo tanto às versões para a web quanto às baratas edições impressas. Nas décadas recentes, editoras baixaram os preços das assinaturas para alcançar um público maior, supondo que haveria um equilíbrio com os anunciantes atraídos pelo grande público-leitor.
"A situação mudou. Nós todos meio que nos arrependemos por nossos ancestrais terem oferecido revistas por tão pouco", disse Granger.
As novas abordagens se baseiam em duas hipóteses: que consumidores finalmente adotarão os tablet PCs que os fabricantes têm prometido há anos, e que eles vão querer ler conteúdo num formato de revista nesses aparelhos. As editoras estão criando produtos semelhantes a suas publicações para esses produtos, mas meios diferentes se prestam a diferentes estilos de leitura, como demonstrou a internet.
Thomas J. Wallace, diretor editorial da Conde Nast, disse esperar uma evolução do aplicativo de revista, refletindo a forma pela qual ele é usado pelas pessoas. "À medida que o tempo for passando, vamos encontrar nosso caminho no meio de tudo isso, mas precisamos ter a coisa ¿ precisamos que o consumidor use o produto ¿ para que ele nos diga o que é melhor. Então, começamos com quem somos."
No aplicativo da Esquire, artigos são recriados em documentos com barras de rolagem. Um toque acessa mais fotos ou vídeos, uma tela de navegação ou uma caixa de busca. Como Grange tem um patrocinador ¿ Axe ¿ para as primeiras três edições, ele não precisou pensar em como incorporar e avaliar os anúncios impressos.
O desenvolvedor, a ScrollMotion, transportou o layout da revista para o aplicativo, por exemplo, substituindo um quadro explicativo sobre carros na lateral do texto por um pequeno botão dentro do artigo. Quando o leitor toca o botão, o quadro aparece. A ScrollMotion inclui os equivalentes digitais a virar a página, arrancar um artigo ou circular uma citação favorita.

Digamos que a seguinte frase da entrevista "O que eu aprendi" com o biógrafo Robert Caro provoque a imaginação de alguém: "Não faz sentido me perguntarem sobre recessão. Não entendo o mundo das finanças. Gostaria de um cookie de gotas de chocolate?" O leitor pode copiar essa citação para uma caixa de Favoritos, ou enviá-la por e-mail, ou exportá-la para o Facebook. (A ScrollMotion vai limitar o quanto de um artigo pode ser copiado.)
Outras revistas estão criando versões também para o iPhone. A GQ criou uma versão em aplicativo de sua edição de dezembro, e ela outras revistas da Conde Nast planejam novas criações. Na Time Inc., a Entertainment Weekly está trabalhando numa edição para o iPhone. Todos planejam cobrar. "Não quero assumir o risco de novo", disse Granger sobre ceder conteúdo.
As editoras gostam do iPhone, mas ele tem desvantagens, especialmente seu pequeno tamanho. É aí que entra a expectativa sobre o tablet PC.

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