Quem já assistiu à trilogia Matrix, dos irmãos Wachowski, pode até pensar que o enredo e a ambientação tecnológica são recentes. Mas muito do argumento dos filmes, entretanto, é baseado no livro ciberpunk Neuromancer de William Gibson, que acaba de completar 25 anos - foi publicado pela primeira vez em julho de 1984.
A história de Neuromancer se passa nos Estados Unidos, em uma realidade hiperfuturista. O principal personagem é Case, um hacker que se deu mal após tentar roubar seus patrões. Depois, não consegue mais acessar a Matrix (uma rede mundial de computadores) por causa de microtoxinas inseridas em seu cérebro.
É encontrado por Molly, uma mulher que possui estranhos implantes no lugar dos olhos e que o leva para conhecer um ex-oficial das Forças Especiais que promete restaurar seu acesso à Matrix e salvar sua vida em troca do cumprimento de uma missão com objetivos obscuros. A aventura envolve o mundo virtual, invasões de sistemas e muitas relações de humanos com máquinas.
O site Switched discorre sobre o quanto o livro conseguiu prever com bastante precisão a respeito do nosso mundo atual, do ponto de vista tecnológico, político e social. O fato de ter inspirado a trilogia Matrix mostra que continua atual e relevante. A grande rede ficcional é retratada de forma tão semelhante à web que temos hoje, tanto na apresentação como no uso, que o site PC World sugere que seu projeto tenha sido influenciado pelo livro.
Porém, seus conceitos tridimensionais de ciberespaço só podem ser fracamente refletidos em sites como o Second Life, afirma o Switched. Outro aprimoramento tecnológico que ainda não está tão próximo de ser conseguido é a implantação de chips diretamente na cabeça através de um plug, os "microsofts", que aumentam habilidades e conhecimentos de seus usuários.
Outras tecnologias apresentadas por Gibson no livro podem estar a caminho. O autor fala sobre o "simstim", habilidade que permite a consciência de duas pessoas ocuparem um mesmo corpo e também do surfe pela internet através de um plug no cérebro.
A inteligência artificial ganha um poder muito maior em Neuromancer do que temos na vida real, hoje. Um exemplo é o caso do hacker McCoy Pauley, que mesmo após estar morto tem seu cérebro acessado por algumas pessoas e copiado para a rede, transformado em indivíduo vivo - chamado "construct" por Gibson - apenas na rede.
Além de Matrix, outros dois filmes foram baseados na história que cunhou o termo ciberespaço: Estranhos Prazeres, com Ralph Fiennes e Juliette Lewis e Hackers - Piratas de computador, este último com Angelina Jolie.
Um jogo para PC também foi lançado em 1988, publicado pela Interplay Productions. O título chegou a ser cogitado para ser levado às telonas, e o plano ficou apenas no papel por muitos anos, até ser parcialmente adaptado na trilogia Matrix. Todavia, o site especializado em filmes IMDB especula que Neuromancer deve começar a ser rodado em 2011, e aposta em Liv Tyler no elenco.
O jogo é hoje um abandonware - literalmente, software abandonado e, portanto, em domínio público. Funciona em MS-DOS e pode ser encontrado no atalho http://tinyurl.com/rxu8aj. Usuários de Windows e Linux podem usar o emulador DOSBox (dosbox.com) para rodá-lo. Uma graphic novel sobre o livro está disponível pelo atalho http://tinyurl.com/qplctd.
Fonte: www.terra.com.br
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