domingo, julho 26, 2009

Estados Unidos querem ampliar uso de aviões não tripulados

Aeronaves de pequeno porte e pilotadas a distância vêm sendo usadas recentemente pela força aérea dos Estados Unidos para coligir informações e disparar mísseis contra insurgentes. Mas ao longo das próximas décadas, o comando aéreo norte-americano planeja ordenar a construção de aparelhos maiores, que poderiam realizar o trabalho de bombardeiros e de aviões de transporte, e também a criação de modelos miniaturizados que teriam a capacidade de espionar o interior de uma edificação.
Em um relatório divulgado nesta quinta-feira para delinear o "plano de voo" que orientará o desenvolvimento de sistemas sem tripulantes, a força aérea também informou que no futuro poderia vir a empregar enxames de aeronaves não tripuladas a serem usadas no ataque a alvos inimigos.
E será necessário que as forças armadas dos Estados Unidos estejam preparadas para se defender de ameaça semelhante, já que aparelhos como esses poderiam se tornar mais uma maneira de baixo custo para ataques de insurgentes contra forças norte-americanas.
O coronel Eric Mathewson, que comanda o grupo de estudos da força aérea sobre sistemas aéreos não tripulados, declarou em entrevista que sua organização havia decidido delinear os planos que está desenvolvendo a fim encorajar as empresas do setor de defesa e pesquisadores universitários a ajudar na criação das tecnologias requeridas.
As empresas do setor de material bélico já estão na corrida para expandir suas atividades naquilo que promete ser uma área de crescimento considerável, mesmo que os orçamentos do Pentágono estejam em queda.
Na última década, o uso de aviões sem tripulantes e pilotados a distância aumentou muito no Afeganistão, Iraque e Paquistão. A força aérea e a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos utilizam Predators e Reapers, aviões sem tripulantes de tamanho semelhante ao de pequenas aeronaves civis, para enviar imagens em vídeo das atividades de insurgentes, e para montar ataques de mísseis contra os grupos assim localizados.
Já as forças do exército utilizam modelos portáteis, semelhantes a aeromodelos, que podem observar a situação do outro lado de edifícios ou elevações. Também existem veículos de pilotagem remota patrulhando os mares e para uso em escutas e em missões fotográficas de altitude elevada, mais ou menos como as executadas pelos famosos aviões de espionagem U-2.
Mas muitos dos sistemas foram produzidos de maneira apressada e "quase reativa", diz Mathewson. "E ao mesmo tempo, colocamos a indústria e o mundo acadêmico em desvantagem, porque não os mantivemos informados sobre nosso destino", disse. "Assim, queremos descrever nossa visão de futuro, agora, para que eles possam nos ajudar a encontrar soluções".
Mathewson afirmou que o objetivo era desenvolver alternativas mais econômicas para a execução da maior parte das missões da força aérea. Nesse sentido, o plano - que foi aprovado por Michael Donley, o secretário da força aérea, e pelo general Norton Schwartz, chefe do Estado-Maior da aeronáutica - ajuda a cimentar uma grande mudança cultural na instituição, já que muitos pilotos inicialmente rejeitavam a ideia de utilizar veículos de pilotagem remota.
Mathewson diz que a força aérea gostaria de criar aparelhos modulares - fuselagens básicas que poderiam ser facilmente configuradas para diferentes missões.
O relatório define uma família de veículos que variaria de "nano", aeronaves capazes de voar no interior de edificações, como insetos, para recolher informações, a grandes aparelhos para uso como bombardeiros estratégicos ou aviões-tanque de reabastecimento aéreo. Aviões sem tripulantes de porte médio poderiam funcionar como caças a jato, atacando outras aeronaves ou alvos terrestres, e interferindo nas comunicações inimigas.
As mudanças começarão com o aperfeiçoamento dos sistemas atuais, disse Mathewson. As alterações mais exóticas aconteceriam entre 2020 e 2040. Talvez a mais controversa seja o uso de enxames de aeronaves não tripuladas para ataque. Avanços no poderio de computação poderiam permitir que elas executassem sozinhas ataques pré-programados, mas essa seria uma barreira ética e jurídica que as forças armadas teriam dificuldade para atravessar.
Mas não deve demorar para que um único insurgente se torne capaz de lançar diversas aeronaves sem piloto ao mesmo tempo. O relatório alerta que os insurgentes poderiam adaptar para uso aéreo os dispositivos explosivos improvisados que instalam como minas no Iraque e no Afeganistão.

Fonte: www.terra.com.br

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