A popularidade da ferramenta de busca do Google não pára de crescer nos Estados Unidos. Nos últimos três anos, seus ganhos de participação de mercado aceleraram, fazendo pessoas se perguntarem se a companhia vai eliminar o que resta de seus competidores no futuro.Certamente, as acusações de antitruste são uma preocupação crescente no Googleplex. No ano passado, a companhia abandonou uma proposta de acordo publicitário com o Yahoo quando o Departamento de Justiça americano disse que entraria com um processo antitruste para bloquear o negócio. Na semana passada, um pequeno operador de sites, TradeComet.com, entrou com uma ação antitruste contra o Google, acusando o gigante das buscas de manipular injustamente seu sistema de anúncios para prejudicar um potencial concorrente.E quando pedi para falar com o economista-chefe do Google sobre o motivo dos ganhos de participação de mercado estarem acelerando, a assessoria de imprensa da companhia também marcou, sem eu ter pedido, um segundo encontro separado com Dana Wagner, sua "conselheira de concorrência" - ou seja, a responsável por questões antitruste.O Google sustenta que sua liderança no mercado de buscas na web é frágil, dizendo que, com um simples clique de mouse, a lealdade do usuário pode evaporar a qualquer momento.Mas consideremos isso: até julho de 2005, o Google estava à frente do Yahoo em participação de mercado por apenas seis pontos percentuais, 36,5% contra 30,5%, segundo dados da comScore, companhia de pesquisa de mercado. Hoje, no entanto, essa vantagem é muito mais ampla, 63% contra 21%."Quase sinto pena do Google", disse Danny Sullivan, editor-chefe da Search Engine Land. "Eles estão fazendo um ótimo trabalho e as pessoas estão recorrendo a eles. Mas quando eles ultrapassarem a parcela de 70%, as pessoas vão começar a ficar desconfortáveis com o monopólio do Google." O Google não registra ganhos todos os meses. Os números da comScore para janeiro indicam uma queda de 0,5% em relação a dezembro e um ganho de 0,5% para o Yahoo. Mas de acordo com a Hitwise, outro serviço de medição online, o Google já ultrapassou a fronteira dos 70%. A empresa estima que o Google tenha 73% do mercado americano e o Yahoo, 17,9%. Os dois serviços de busca da Microsoft, MSN e Live.com, constituem um terceiro lugar distante, juntos representando 5,4%.Sullivan disse que embora o serviço de buscas do Yahoo se beneficie do tráfego do Yahoo Mail e outros sites Yahoo, sua capacidade de atrair internautas de fora de suas próprias fronteiras é relativamente fraca.Muitos donos de websites que rastreiam a origem de seus visitantes anunciam que o serviço de buscas do Google direciona cerca de 80% a 90% de suas visitas. Por exemplo, quase todos os visitantes direcionados por ferramentas de busca à Stack Overflow - uma comunidade de desenvolvedores de software - vieram do Google. Em janeiro, a Stack Overflow recebeu mais de três milhões de visitantes direcionados de 22 serviços de busca. Desses, 99,34% vieram do Google.Jeff Atwood, um dos fundadores da Stack Overflow, disse: "Não tenho queixas em relação ao Google. Gosto do Google. Mas estou preocupado. Se você projetar essa tendência para daqui a quatro anos, é só seguir o gráfico. Um mundo sem competição não me parece saudável".No Google, Hal Varian, seu economista-chefe, e Wagner disseram que o público não tem uma lealdade cega a nenhum serviço de busca. Eles citaram uma pesquisa recente da Forrester Research na qual 55% dos adultos participantes usavam mais de um serviço de busca toda semana."Você compra um carro, usa por quatro anos e depois avalia suas escolhas", disse Varian. "Mas para buscas na web, nossa competição é na base do clique." Se mais internautas usam o Google, disse, é porque concluem que seu produto é superior.Sullivan, que estuda ferramentas de busca desde 1995, disse que pesquisas similares têm sido realizadas há muitos anos - e que sempre deixam de refletir que a maioria das pessoas tem uma ligação primária a apenas um serviço de busca. Quando os usuários experimentam uma alternativa, disse, "não entram em um real modo de teste"; depois disso, voltam a seu favorito. "O Google é um hábito", disse, "e hábitos são bem difíceis de mudar".Yahoo e Microsoft afirmam que os resultados de suas ferramentas de busca têm qualidade equivalente à do Google, baseados em medições estatísticas que não divulgam. Mas isso importa pouco."O fato de estarmos um pouco à frente ou um pouco atrás do Google em relevância não muda o que acontece nas buscas", disse Prabhakar Raghavan, estrategista-chefe de buscas do Yahoo.Segundo Raghavan, a melhor oportunidade do Yahoo é oferecer formas radicalmente novas de apresentar informação, algo que ajude os internautas a concluírem o que começaram antes da pesquisa, como encontrar um emprego ou comprar uma passagem de avião. "As pessoas não querem pesquisar; isso é uma digressão", afirmou. "Elas querem completar uma tarefa."O que o Yahoo e a Microsoft não conseguiram, porém, é equivalência com o nome Google, que é oficialmente um verbo em inglês desde 2002. Raghavan concordou que reconhece o Google como "sinônimo de busca".Perguntei a Sullivan se as pessoas deveriam deliberadamente diversificar suas pesquisas através de várias ferramentas de busca, com cada um fazendo sua parte para ajudar a manter viva a competição. Ele disse que tal campanha não seria sustentável. "Provavelmente, vou continuar usando aquilo com o qual tenho um bom relacionamento, que é o Google", disse. "Sugerir que alguém use a ferramenta de busca da Microsoft é como dizer que ele deveria arranjar 'um novo melhor amigo'."
Fonte: www.terra.com.br
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