terça-feira, novembro 24, 2009

´Internet tem que ajudar a formar leitores´


Crianças e jovens entre 5 e 17 anos leem três vezes mais que os adultos, mas 45% afirmam que o fazem por obrigação. Apenas 26% consideram o hábito da leitura um prazer.


Os dados, que estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita em 2007 com 5.012 pessoas em 311 municípios, indicam que o jovem leitor não manterá o hábito da leitura depois de concluída a fase escolar.
A diretora editorial da Editora Record, Luciana Villas-Boas, avalia que, embora envolvidos com os meios eletrônicos, os jovens estão cada vez mais interessados nos livros. Segundo ela, mesmo quando já tiveram acesso ao texto na internet, o jovens não abrem mão da relação física com a obra.
“O livro é melhor. Além do prazer, a relação física com a obra influencia a absorção do conhecimento e os jovens perceberam isso”, disse Luciana Villas-Boas.
Na tentativa de ampliar o acesso ao livro e incentivar a formação de leitores, o Ministério da Cultura trata a internet como “aliada”. A modernização das bibliotecas públicas inclui a instalação de centros digitais. “Nada substitui o livro. Não vamos cair na armadilha de opor a internet ao livro. Mas, inevitavelmente, a internet leva o jovem ao universo da leitura e da escrita”, afirma o diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, Fabiano dos Santos.
O brasileiro, segundo Luciana Villas-Boas, da Editora Record, segue as modas internacionais. Com o jovem, afirma, não é diferente. “E somos cobrados sempre que há demora na publicação de uma série. O jovem já leu na internet, mas quer o livro”, explica.
Para Fabiano dos Santos, é importante estimular a leitura de qualidade, mas a formação do hábito é fundamental. “Por isso, tratamos a internet como aliada”, afirma. “A leitura é fundamental para o desenvolvimento humano. É um elemento de inclusão social. Quem lê, amplia seus conhecimentos e sua capacidade de crítica. Ao fim de um livro, você não é mais o mesmo”, completou.



Marco regulatório foca em privacidade na web

As questões relativas à privacidade e liberdade de expressão estão entre os temas mais debatidos pelos internautas que fizeram contribuições à consulta pública sobre o marco regulatório da internet.
O texto-base, disponibilizado em um blog pelo Ministério da Justiça, foi acessado 120 mil vezes e recebeu 433 comentários.
Para o coordenador do projeto de construção colaborativa do marco civil da internet, Guilherme Almeida, a discussão está sendo pautada pelo projeto de lei idealizado pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB – MG) que endurece as penas para crimes cometidos na internet.
O texto prevê que, quem obtiver ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado sem autorização do legítimo titular, poderá ser preso.
“O Azeredo conseguiu polarizar negativamente as pessoas”, acredita Almeida. Segundo ele, a proposta do senador mobilizou os internautas no sentido contrário a sua posição. Ele avalia que, por esse motivo, as discussões dos internautas sobre o marco regulatório tenham sido pautadas pelos assuntos abordados no projeto.
Para Almeida, questões “não tão óbvias” presentes no eixo temático que trata do papel do governo em relação à rede mundial de computadores receberam muito menos contribuições.
Dentro dessa temática serão discutidas questões de grande importância, como a uniformização da atuação governamental em relação à rede, a disponibilização eletrônica de dados e a adoção de políticas públicas. “O governo edita decretos, portarias, normas internas nos seus mais diferentes ministérios. Muitas vezes, acontece que essas diretrizes não são convergentes, elas apontam para caminhos diferentes.”
O marco regulatório estará disponível para contribuições até o dia 17 de dezembro. Após essa data será elaborado o anteprojeto de lei que ficará sob consulta pública pela mesma metodologia por 45 dias. O coordenador do projeto espera que o texto final possa ser enviado para apreciação pelo Congresso em março do próximo ano.

Fundo pode liberar R$1bi para banda larga

- O fluxo de caixa do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) do próximo ano pode ser usado para bancar o Plano Nacional de Banda Larga, anunciado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, na última semana. Segundo Costa, o valor pode chegar a R$ 1 bilhão.
“O presidente Lula já acenou que pode concordar com a utilização do fluxo de caixa do Fust, que já é extremamente importante. Porque nós não vamos poder usar os quase R$ 7 bilhões, pelo menos vamos poder usar o R$ 1 bilhão que vai entrar no ano que vem”, afirmou o ministro.
Segundo ele, o objetivo agora é fazer com que o plano entre em funcionamento ainda no governo Lula. Ao comentar a possibilidade de o Estado agir como regulador do serviço, Costa disse que sua preocupação é se haveria condições de usar todos esses dispositivos em tempo hábil. "Nós ainda não dispomos de todos os instrumentos técnicos necessários para que o plano nacional de banda larga possa ser instrumento regulador.”.
O ministro também admitiu a possibilidade de usar redes de fibra óptica de empresas estatais como Furnas, Petrobras e Eletrobrás, tanto para a oferta do serviço como para trabalhar em parceria com as empresas prestadoras privadas.
Hélio Costa disse ainda que estava retirando a proposta do programa, que ficou sendo chamado pela imprensa de “bolsa celular”. Segundo ele, a ideia foi mal interpretada e não haverá dinheiro público para financiar a compra de celulares para a população de baixa renda.
“A proposta era que as empresas dariam o aparelho e um crédito de R$ 7 por mês para a pessoa usar. Elas, empresas, é que pediram – e aí o governo pode aceitar ou não – a isenção de recolhimento para o Fistel [Fundo de Fiscalização das Telecomunicações]. Isso seria sobre linhas que não existem ainda, então não seria desoneração”, afirmou Costa.
Segundo ele, o ministério vai agora deixar que, se as empresas quiserem, que levem a proposta adiante.