A s projeções feitas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para o Ceará, nos próximos anos, correspondem a uma década de fartura, de geração abundante de negócios e de aberturas de novos mercados prestadores de serviços à indústria petrolífera. Demorou, mas a escolha do Estado como área estratégica para essa atividade começa a deslanchar.
Não faz tanto tempo porque ocorreu, precisamente, na década de 70, a primeira mobilização para as sondagens e pesquisas sobre indícios de petróleo no litoral cearense, começando, exatamente, por Paracuru, onde hoje há exploração. Àquela época, em plena crise internacional de petróleo, divulgou-se exatamente o contrário: a inviabilidade do litoral cearense para a extração do outrora chamado “ouro negro”.
Evidentemente, fazia sentido manter os resultados da pesquisa sob a guarda dos interesses maiores do País para com uma riqueza estratégica como o petróleo. Quando as nações dependentes de seu suprimento amarguravam reajustes constantes na cotação internacional, o Brasil mapeava suas reservas para um futuro que já chegou.
O Ceará, Estado do nordeste de economia fragilizada, por conta da escassez de chuvas no tempo adequado para alimentar sua economia primária, se prepara, agora, para ancorar a atividade exploratória do petróleo descoberto na margem equatorial brasileira, englobando bacias situadas entre o Rio Grande do Norte e o Amapá.
Na exposição realizada para o empresariado local, na Federação das Indústrias do Ceará, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Magda Chambriard, detalhou esse plano exploratório, justificando a posição estratégica do Ceará, entre o Norte e o Nordeste. Pesou também na escolha da nova base englobando fornecedores de bens e serviços a infraestrutura portuária disponível.
A 11ª Rodada de Licitações de blocos de petróleo e gás, com focos concentrados nas duas regiões, desencadeará mudança significativa na geografia da indústria petrolífera. Nessa concorrência, o Estado está “fortemente contemplado” com 11 blocos em águas profundas no leilão da Bacia do Ceará, somando 7,3 mil quilômetros quadrados em ofertas.
O papel relevante do Ceará no próximo leilão resulta, ainda, das novas descobertas de petróleo em seu espaço marítimo, a partir do primeiro poço aberto em águas profundas. Ele apresenta analogia geográfica com outras regiões da África e da América do Sul, consideradas áreas promissoras. A área do Ceará vem sendo considerada pelos especialistas como “quente” pelos resultados previstos.
O novo leilão implicará naturalmente em novas áreas de exploração. Isto porque a localização marítima precisará de apoio portuário e infraestrutura para receber as sondas, os barcos de apoio que transportam às plataformas água, comida, óleo diesel e insumos essenciais, além de espaço para o abastecimento.
O leilão da ANP está programado para os dias 14 e 15 de maio, para o qual foram qualificadas 64 empresas. Este número é recorde quando comparado com as rodadas realizadas anteriormente. Os novos contratos serão celebrados no dia 6 de agosto, quando a Agência Nacional de Petróleo comemora o 15º aniversário de assinatura do primeiro contrato de concessão no País.
O Ceará tem, assim, possibilidades ilimitadas nesse novo mercado exploratório do petróleo, a partir das condições operacionais do Porto do Pecém e das reservas petrolíferas negadas, há 40 anos, mas agora configuradas.
Fonte: Diário do Nordeste
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