terça-feira, dezembro 04, 2012

Se fosse um país, Rio de Janeiro seria o 18º maior produtor de petróleo

Potência energética. Rio terá R$ 122 bilhões em investimentos no setor. Especialistas alertam para necessidade de viabilizar sistemas de produção no pré-sal e recuperar produtividade da Bacia de Campos
O Estado do Rio receberá R$ 122,4 bilhões em investimentos em energia entre 2012 e 2014, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O valor representa 58% do total a ser investido no estado no período e está concentrado no setor de óleo e gás (R$ 114,2 bilhões), carro-chefe da economia fluminense. O Rio é uma potência petrolífera. Responsável por cerca de 80% da produção brasileira, ele produziu em média 1,5 milhão de barris de óleo equivalente (inclui óleo e gás) por dia em setembro, bem à frente do segundo colocado, o Espírito Santo (317,8 mil barris por dia). Se fosse um país, ocuparia o 18º lugar no ranking mundial, deixando para trás nações como Indonésia e Índia.
A descoberta do pré-sal pode mudar esse panorama, ao ampliar a produção de petróleo de São Paulo e Espírito Santo. Isso impõe desafios à indústria petrolífera do Rio, especialmente num momento em que se discute a perda dos royalties do petróleo por estados produtores, após a aprovação no Congresso do projeto de lei do Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que redistribui esses recursos. Para especialistas, entre os desafios estão viabilizar a produção no pré-sal em litoral fluminense, a até sete mil metros de profundidade, e recuperar a produtividade da Bacia de Campos, principal província petrolífera do país, onde a Petrobras iniciou a exploração em alto-mar nos anos 70.
Criar “parque de fornecedores local” é desafio
Dos R$ 114,2 bilhões que serão investidos em projetos de petróleo e gás no Rio, R$ 107,7 bilhões virão de Petrobras e parceiros. O montante será destinado ao desenvolvimento de campos do pré-sal e pós-sal e a projetos de apoio, como construção de dutos para escoamento, sondas e plataformas. O plano de negócios da estatal prevê que, entre 2012 e 2014, entrarão em operação dez novos grandes sistemas de produção nas bacias de Campos e Santos, a nova fronteira petrolífera nacional. Seis deles estão em águas sob jurisdição do Rio: Cidade de Paraty, Papa Terra (P-61 e P-63), Roncador Módulo III (P-55), Roncador Módulo IV (P-62) e Cidade de Mangaratiba. Será um mar de encomendas para a cadeia produtiva.
- Temos o desafio de trazer mais fornecedores para o Estado do Rio. Fizemos um bom trabalho com os centros de pesquisa e, agora, temos de aproveitar essa onda de investimentos para consolidar um parque de fornecedores local – explica Cristiano Prado, gerente de Competitividade da Firjan.
Os novos sistemas de produção vão se unir a campos no pré-sal que passaram a operar recentemente – o primeiro óleo foi extraído em setembro de 2009. E o Rio aparece com destaque de novo. Hoje, dos seis campos em operação no pré-sal, metade está no litoral fluminense: Marlim (área de Brava), Barracuda e Caratinga (áreas de Carimbé e Nautilus), e Marlim Leste (Tracajá). Juntos, eles produzem em média 43,8 mil barris de petróleo por dia, ou 22% da produção brasileira no pré-sal.
Potencial também em águas rasas
Também há promessas em águas rasas. A OGX, empresa do grupo de Eike Batista, pretende iniciar a atividade de dois FPSOs (navios que processam e armazenam petróleo) na Bacia de Campos, para desenvolver os campos de Waimea e Tubarão Martelo em 2013. Em outubro, a produção média mensal da OGX foi de 10,3 mil barris de óleo equivalente. O número é bem mais modesto que o da Petrobras, mas nem por isso menos importante. A empresa planeja investir, só no ano que vem, US$ 1,2 bilhão, ou quase R$ 2,5 bilhões. Mais negócios para os fornecedores.
Paralelamente aos investimentos em novos projetos, a Bacia de Campos vai receber uma enxurrada de recursos para elevar sua produtividade. Em atividade há mais de 30 anos, boa parte de seus campos está madura, com produção em declínio. A Petrobras tem duas unidades operacionais (UO) que respondem pelas plataformas daquela bacia: a UO-Bacia de Campos e a UO-Rio. A empresa vai investir US$ 6,3 bilhões até 2016 para recuperar os índices de eficiência operacional dessas unidades. A meta é voltar ao patamar de 90%, contra os 70% deste ano.
Para o secretário estadual de Desenvolvimento do Rio, Júlio Bueno, os pesados investimentos em petróleo e gás seguem a vocação natural do estado. Ele frisa, porém, que o governo estadual está empenhado na diversificação:
- Temos aportes em infraestrutura, com destaque para os portos, e o polo automotivo no Sul Fluminense, que ganhou força com a vinda da Hyundai. O petróleo é nossa alavanca, mas temos projetos em várias áreas – afirma. No levantamento da Firjan, a geração de eletricidade responderá por R$ 8,2 bilhões até 2014, dentro daqueles R$ 122,4 bilhões. A cifra representa basicamente o investimento na usina nuclear de Angra 3 (1.405 megawatts). Ao lado de Angra 1 e 2, ela atenderá, a partir de 2016, a cerca de 60% da demanda por eletricidade do estado.
 
Fonte: Globo

Chevron diz que tribunal anulou suspensão de suas atividades no Brasil

A justiça brasileira ordenou a Chevron e a Transocean, a suspender suas operações de extração e transporte de petróleo no Brasil.
 
São Paulo (SP) - A Chevron informou, por meio de um e-mail enviado pelo porta-voz Kurt Glaubitz, que um tribunal brasileiro anulou a suspensão de suas atividades no Brasil, por causa de um vazamento, em novembro de 2011, de mais de 3.000 barris de petróleo ocorrido no Campo Frade, a 370 km a noroeste do Rio, no Atlântico.
“A Chevron está satisfeita com a decisão do tribunal que rejeita a medida cautelar”, diz o e-mail de Glaubitz. Segundo, ainda, o e-mail, a petrolífera americana tinha, voluntariamente, suspendido sua produção em Frade logo após novo vazamento de petróleo em março, e que está "trabalhando com as agências reguladoras para um reinício seguro de suas operações", de acordo com um plano de melhoria de seus procedimentos de segurança apresentado em agosto.
A justiça brasileira ordenou a Chevron e a Transocean, uma das principais operadoras de sondas petrolíferas do mundo, que também atuava em Frade, a suspender suas operações de extração e transporte de petróleo no Brasil. Ambas as empresas apelaram da decisão.
Fonte: Valor Online

Em 20 anos, Brasil deve ter segundo maior crescimento em petróleo

Coordenador do relatório da Agência Internacional de Energia diz, em entrevista exclusiva ao iG, que vantagem competitiva do País no mercado de energia global começa a ganhar corpo
 
Europa - O Brasil deve se tornar o segundo país do mundo com o mais rápido crescimento na produção de petróleo, atrás apenas do Iraque, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). A expectativa é que o volume diário de 2,2 milhões de barris, registrado em 2011, continue a trajetória de expansão e alcance o patamar de 5,7 milhões de barris em 2035. No mesmo período, a produção diária de petróleo no país do Oriente Médio deve passar de 2,7 milhões de barris para 8,3 milhões de barris.
Denominado Perspectivas da Energia Mundial 2012, o estudo mostra que a perspectiva de aumento na produção brasileira de petróleo deve acontecer, sobretudo, a partir da segunda metade desta década. Em um quadro intitulado “Boom de Petróleo no Brasil Ganha Ritmo”, o relatório atribui o cenário positivo à exploração das jazidas de petróleo da camada pré-sal, localizadas, principalmente, ao longo da Região Sudeste.
“O Brasil é o único país que descobriu uma reserva gigante de petróleo, com potencial equivalente a mais de 5 bilhões de barris, nos últimos 10 anos” explica Alessandro Blasi, analista de política energética da AIE e um dos coordenadores do estudo. “Isso dá ao Brasil uma enorme vantagem no novo mercado global de energia que começa a ganhar corpo”, acrescenta, durante entrevista exclusiva ao iG .
A AIE é uma organização patrocinada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que elabora diagnósticos sobre a produção de petróleo do mundo e a energia em geral. O otimismo do relatório contrasta com diversas previsões negativas de analistas, por conta no atraso da aprovação do marco regulatório e em licitações para a exploração de novos blocos . A agência contou dois membros do Ministério de Minas e Energia e um professor da USP para ajudar a traçar o panorama brasileiro
De acordo com a pesquisa, o mercado energético global deve passar por importantes alterações nos próximos anos. A principal delas é a ascensão dos Estados Unidos como maior produtor mundial de petróleo em 2017 , desbancando a Arábia Saudita. A receita para o sucesso norte-americano pode ser explicado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, que possibilitam a extração de petróleo do tipo leve (light tight oil) e gás não convencional de xisto (shale gas) com custos mais competitivos.
“O crescimento da produção de petróleo nos Estados Unidos, combinado com o uso mais eficiente de energia, vai dar maior independência à Washington e reduzir suas importações do óleo. Os efeitos desta mudança vão ser sentidos não apenas no comércio global de energia, mas também nas relações deles (Estados Unidos) com o Oriente Médio” comenta Blasi.
Fonte: Portal IG