segunda-feira, dezembro 20, 2010

Anuário: Rio registrou 128 mil novos empregos


RIO - Entre 2008 e 2009, foram abertos 128,9 mil postos de trabalho no Estado do Rio. A boa notícia consta do anuário estatístico que o governo estadual lança nesta quinta-feira. O documento traz informações socioeconômicas, ambientais e geográficas atualizadas dos 92 municípios do estado. Os dados, coletados pelo Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores (Fundação Ceperj), estão divididos por 32 temas.

Além de estatísticas que mostram melhorias em alguns indicadores, como o de empregos, há dados menos favoráveis, como na saúde: de todos os partos registrados no estado em 2008, por exemplo, 57% foram de cesarianas. O percentual recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%, para reduzir os riscos de complicações pós-parto, que aumentam a probabilidade de mortalidade materna.

Estado respondeu por 85% da produção do petróleo
Mas a saúde também tem dados positivos, como a redução das taxas de mortalidade infantil. Os índices caíram de 24,6 mortes para cada mil nascidos vivos em 1996 para 14,5 em 2008. Mas a queda não foi homogênea. Na Região Centro-Sul Fluminense, chega a 24,3 por mil, enquanto a Costa verde registra 11,9 óbitos para cada mil nascidos vivos.

As informações publicadas pelo anuário 2010 usam projeções da população do estado baseadas nos dados do Censo 2000. Os dados da Censo 2010 foram divulgados pelo IBGE apenas em novembro, quando a publicação estava quase pronta.

O anuário 2010 mostra também a importância da indústria de petróleo para a economia fluminense. No período 2008-2009 o estado respondeu por 85% da produção de petróleo e 49,7% de gás natural de todo o país.

Em relação ao saneamento básico, também foram registradas melhoras. Mas o Rio ainda está longe de ter todos os seus domicílios atendidos por rede de esgoto. Segundo os dados levantados, apenas 72,14% dos domicílios contavam com o serviço no ano passado, sendo que a melhor cobertura era na área metropolitana. Por outro lado, também há dados favoráveis em relação a outros serviços públicos. No estado, 99,7% dos domicílios já dispunham de energia elétrica e 99,12% contavam com coleta domiciliar de lixo periódica no ano passado.

Uma curiosidade registrada no anuário foi o efeito da expansão do mercado de telefonia no país. Isso permitiu que, em 2009, 90,27% dos domicílios fluminenses contassem com moradores com telefones celulares ou aparelhos fixos. Em 2004, a cobertura telefônica era de 79,05%.

Anuário mostra turismo de negócios em queda
Em relação ao turismo, o anuário revela que, em 2009, existiam 2.238 estabelecimentos de hospedagem no estado. As cidades com maior número de hotéis, pousadas e outros serviços eram a capital (522), seguida de Búzios (208), Angra dos Reis (163), Paraty (102), Itatiaia (99), Cabo Frio (88) e Petrópolis (86). O turismo de negócios, embora em queda, continuou a ser o principal motivo de hospedagem na capital (38,6%). Em 2008, chegou a 42,06%. Por outro lado, o turismo de lazer passou de 31,43% para 33,35% de todos os visitantes do estado.

O anuário 2010, com uma tiragem de 20 mil exemplares, também atualiza algumas informações geográficas do estado. Uma delas se refere à altura do Pico das Agulhas Negras, ponto culminante do estado, que aparece com 2.791 metros, contra 2.787 metros divulgados anteriormente. A revisão é resultado do Projeto Pontos Culminantes, desenvolvido pelo IBGE com o Instituto Militar de Engenharia (IME). A iniciativa contou com parelhos GPS, usados para medir os pontos culminantes.

Fonte: http://oglobo.globo.com/

Cidade sueca troca carvão e petróleo por cascas de batata e tripas de porco


Uma década atrás, quando a cidade prometeu acabar com os combustíveis fósseis, isso era um objetivo grandioso, como zerar as mortes por acidentes de trânsito ou eliminar a obesidade infantil.

Mas Kristianstad já cruzou uma linha crucial: a cidade e sua região, com uma população de 80 mil habitantes, praticamente não usa petróleo, gás natural ou carvão para aquecer casas e negócios, mesmo durante os longos e severos invernos.


Trata-se de inversão completa em relação a 20 anos atrás, quando toda sua calefação vinha de combustíveis fósseis.


Mas esta região no sul da Suécia, mais conhecida como lar da vodka Absolut, não trocou os combustíveis por painéis solares ou turbinas eólicas.


Em vez disso, como convém a uma região que é um epicentro de agricultura e processamento de alimentos, sua energia vem de um sortimento variado de ingredientes _ como casca de batatas, esterco, óleo de cozinha usado, biscoitos velhos e intestinos de porco.


Uma grande fábrica, em operação há 10 anos nas imediações de Kristianstad, usa um processo biológico para transformar os detritos em biogás, uma forma de metano.


Esse gás é queimado para criar calor e eletricidade, ou refinado para combustível de automóveis.


Assim que os pais da cidade desenvolveram o hábito de aproveitar a energia localmente, eles enxergavam combustíveis em todo lugar: Kristianstad também queima gases vindos de um antigo aterro sanitário e de reservatórios de esgoto, além de sobras de madeira de fábricas de pisos e podas de árvores.


Nos últimos cinco anos, muitos países europeus aumentaram sua confiança na energia renovável, de fazendas de vento (com as turbinas eólicas) a represas hidrelétricas, pois os combustíveis fósseis são caros no continente _ e seu uso excessivo é eficientemente tributado pelo sistema de comércio de emissões da União Europeia.


Porém, em muitas regiões agrícolas, um componente crucial da energia renovável passou a ser o gás extraído da biomassa, como detritos do plantio e de alimentos.


Somente na Alemanha, há cerca de 5 mil sistemas de biogás gerando energia, sendo muitos deles em propriedades individuais.


Kristianstad foi mais longe.


Usando o biogás para uma remodelação generalizada de energia, a cidade cortou pela metade o uso de combustíveis fósseis e reduziu suas emissões de dióxido de carbono em um quarto na última década.


"Esse é um abastecimento de energia muito mais seguro _ não queríamos mais comprar petróleo do Oriente Médio ou da Noruega", disse Lennart Erforts, o engenheiro que supervisiona a transição nesta pitoresca cidade de casas do século 18.


"E isso criou empregos no setor de energia".


Nos Estados Unidos, os sistemas de biogás são raros.


Hoje existem 151 digestores de biomassa no país, em sua maioria pequenos e usando somente esterco, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA, da sigla em inglês).


A EPA estima que seria viável instalar essas usinas em cerca de oito mil propriedades.

Até o momento, nos Estados Unidos, tais projetos foram limitados pelo alto custo inicial, pelo reduzido apoio financeiro governamental e pela falta de um modelo de negócios.

Não existe uma rede de abastecimento para transportar o esterco a uma usina centralizada, nem um canal de distribuição para vender o biogás gerado.

Ainda assim, diversos estados e empresas já consideram novos investimentos.

Em novembro, duas empresas públicas da Califórnia, a Southern California Gas e a San Diego Gas & Electric, requisitaram permissão junto à Comissão de Utilidades Públicas do estado para construir usinas que transformariam lixo orgânico da agricultura, e gás de usinas de tratamento de água, em biogás _ produto que alimentaria as tubulações de gás natural do estado após a purificação.

O uso do biogás ajudaria essas empresas a cumprir os requisitos, da Califórnia e de muitos outros estados, de gerar parte de sua energia usando fontes renováveis na próxima década.

Tanto o gás natural quanto o biogás criam emissões quando queimados, mas muito menos que o carvão e o petróleo.

E diferente do gás natural, que é retirado de subterrâneos profundos, o biogás conta como fonte renovável de energia: ele é feito de detritos biológicos que, em muitos casos, iriam simplesmente se decompor em campos de plantio ou aterros sanitários, sem gerar nenhum benefício, liberando metano na atmosfera e contribuindo ao aquecimento global.

Neste outono, emissários da Iniciativa de Bioenergia do Wisconsin visitaram programas alemães de biogás para ajudar na formulação de um plano para desenvolver a indústria.

"O biogás é o combustível de oportunidade para o Wisconsin", disse Gary Radloff, diretor da iniciativa para o centro-oeste.

Como Kristianstad, a Califórnia e o Wisconsin produzem grande quantidade de dejetos com o processamento de alimentos e as fazendas de laticínios, mas o suprimento de combustíveis fósseis é inadequado para suprir suas necessidades.

Outro ponto positivo é que as usinas de biogás podem consumir enormes quantidades de esterco que, do contrário, poluiriam o ar e poderiam afetar os suprimentos de água.

Em Kristianstad, as antigas tecnologias de combustíveis fósseis coexistem estranhamente com suas substitutas de biomassa.

O tipo de caminhão-tanque usado para distribuir o petróleo de aquecimento hoje entrega briquetes de madeira, o principal combustível de calefação nas áreas mais remotas da cidade.

Em frente a um movimentado posto de gasolina da Statoil há uma nova e modesta estação comercial de bombeamento de biogás, pertencente à empresa de renováveis Eon Energy.

Os custos iniciais, cobertos pela cidade e por financiamentos do governo sueco, foram consideráveis: o sistema centralizado de calefação por biomassa custou US$144 milhões, incluindo a construção de uma nova usina de incineração e redes de tubos, substituições de fornos e instalações de geradores.

Porém, as autoridades dizem que o retorno já foi significativo: hoje, Kristianstad gasta cerca de US$3,2 milhões ao ano para aquecer seus prédios municipais, em vez dos US$7 milhões que gastaria se ainda dependesse de petróleo e eletricidade.

A cidade abastece seus carros, ônibus e caminhões municipais com biogás, evitando a necessidade de comprar quase meio milhão de galões de diesel ou gás por ano.

As operações nas usinas de biogás e de calefação são lucrativas, pois agricultores e fábricas pagam taxas para terem seus detritos retirados _ e as usinas vendem o calor, a eletricidade e o combustível de automóveis gerados.

A remodelação da energia em Kristianstad se originou com as altas no preço do petróleo da década de 1980, quando a cidade mal podia arcar com a calefação de seus hospitais e escolas.

Para economizar em consumo de combustível, eles começaram a construir tubos de aquecimento para formar uma rede subterrânea de calefação _ chamada de aquecimento distrital.

Esses sistemas usam uma fornalha central, ou mais de uma, para aquecer água ou produzir vapor _ que é alimentado na rede.

É muito mais eficiente lançar calor num sistema que pode aquecer uma cidade inteira do que usar caldeiras individualmente em cada edifício.

Sistemas distritais de aquecimento podem gerar calor de qualquer fonte combustível, e assim como na cidade de Nova York, Kristianstad usou inicialmente o combustível fóssil.

Mas quando a Suécia se tornou o primeiro país a impor tributação sobre as emissões de dióxido de carbono de combustíveis fósseis, em 1991, Kristianstad iniciou sua busca por substitutos.

Em 1993, a cidade coletava e queimava sobras locais de madeira, e em 1999, começou a usar o calor gerado pela nova usina de biogás.

Alguns edifícios, remotos demais para estarem conectados ao sistema de aquecimento do distrito, foram equipados com fornos individuais que usam pequenos briquetes, feitos de serragem prensada.

Queimar madeira nesse formato é mais eficiente e produz menos dióxido de carbono do que a lenha comum; esse tipo de calefação fez nascer uma crescente indústria de briquetes no norte da Europa.

Subsídios do governo garantem as compras de fornos de briquetes por cidadãos e empresas; o aquecimento com briquetes custa metade do que com petróleo, disse o engenheiro Erfors.

Tendo eliminado os combustíveis fósseis na calefação, Kristianstad parte para outros desafios.

Planejadores urbanos esperam que, até 2020, o total de emissões locais seja 40 por cento menor do que em 1990, e que o funcionamento da cidade ocorra sem combustíveis fósseis e sem produzir emissões.

Atualmente, os transportes respondem por 60 por cento do uso de combustíveis fósseis.

Por isso, a cidade quer que os motoristas usem carros com o biogás local, o que já ocorre com os veículos municipais.

Isso irá exigir uma maior produção do combustível.

Kristianstad pretende construir usinas-satélite de biogás para regiões distantes, além de expandir sua rede de tubos subterrâneos de biogás _ para permitir a construção de mais postos de abastecimento.

No momento, essa é uma questão como a do ovo e da galinha: embora o biogás custe cerca de 20 por cento menos que a gasolina, os consumidores estão relutantes em gastar US$ 32 mil (US$ 4 mil a mais que o valor de um carro convencional) num carro bicombustível ou a biogás, até estarem certos de que a rede continuará crescendo.

"Um tanque é o bastante para rodar pela região em um dia, mas é preciso se planejar com antecedência para rodar mais longe", explicou Martin Risberg, um engenheiro municipal, enquanto enchia o tanque de um Volvo a biogás.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/