sábado, março 12, 2011

Países em desenvolvimento mudam mapa do petróleo .


Liam Denning
The Wall Street Journal

O coração da indústria petrolífera mundial está mudando dos países ricos para empresas de capital aberto da Rússia, da China e do Brasil, que ganharam destaque num importante ranking dos gigantes do setor energético mundial.

O relatório, preparado pela consultoria PFC Energy, de Washington, é um esforço anual para classificar as maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. O estudo PFC Energy 50, divulgado hoje, mostra a mudança drástica ocorrida num momento em que a alta da demanda está valorizando as ações do setor de petróleo.

As 50 maiores empresas petrolíferas do mundo tinham um valor de mercado total de US$ 3,9 trilhões no fim do ano passado, equivalente ao valor de mercado de todas as companhias negociadas na bolsa eletrônica Nasdaq, que tem uma alta concentração de empresas de tecnologia. A Exxon Mobil Corp., maior empresa de capital aberto do mundo, é avaliada em US$ 369 bilhões e encabeça a lista.

Em 2005, apenas duas empresas que não são de países riscos, a russa Gazprom OAO e a PetroChina Co., figuravam na lista das dez maiores. No novo relatório, as empresas que não são de países ricos ocupam cinco posições entre as dez maiores, com gigantes como a Petróleo Brasileiro SA deixando para trás petrolíferas de países riscos como a Royal Dutch Shell.

Muitas das maiores petrolíferas do mundo estão fora da lista porque são estatais. A Saudi Arabian Oil Co. é um bom exemplo. Mais conhecida como Saudi Aramco, a empresa produziu 3,3 barris de petróleo para cada 1 bombeado pela Exxon em 2009.

A diferença é que algumas petrolíferas estatais foram parcialmente privatizadas e viram seu valor de mercado disparar. "Os governos estão ficando mais flexíveis comercialmente e financeiramente adaptáveis" na maneira como lidam com essas empresas, diz Robin West, fundador e diretor-presidente da PFC.

Fonte: http://online.wsj.com/

Petróleo vai dominar produção da Exxon


A Exxon Mobil Corp. informou que a grande maioria de sua nova produção nos próximos cinco anos será de petróleo.

Isso vai contra uma tendência entre as grandes petrolíferas multinacionais que vinham aumentando sua produção de gás natural, mas tendo dificuldade para extrair mais petróleo. A Exxon vai para onde o dinheiro está, já que o petróleo está sendo negociado a cotações elevadas, em parte por causa da turbulência na Líbia que aumenta o potencial de escassez. O gás natural, por sua vez, está num período de baixa por causa de um excesso de produção nova.

Considerando o tamanho do mercado mundial de petróleo, não é provável que a nova produção da petrolífera americana faça diferença nos preços. O petróleo fechou a US$ 104,38 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York, em alta de 20% em relação a um mês atrás. A Exxon informou que vai aumentar o investimento de capital para descoberta e refino de petróleo e gás dos US$ 32,2 bilhões de 2010 para US$ 34 bilhões este ano.

Rex Tillerson, diretor-presidente da Exxon, disse que a empresa não tem uma preferência específica por produção de petróleo ou gás. "Não temos pendor por um ou outro", disse. "Nosso pendor é por ganhar dinheiro."

A empresa informou em sua apresentação a analistas da estratégia anual que espera começar vários grandes projetos nos próximos anos, cujo acréscimo à produção diária de óleo e gás equivalente será de 1,4 milhão de barris. Disso, 80% será petróleo. No último trimestre de 2010, apenas 51% da produção geral da Exxon era de petróleo. O resto era gás.

A Exxon informou que a produção de petróleo vai aumentar em 2% a 3% ao ano até 2014. "Isso é bem respeitável, bom até", diz Paul Sankey, analista de ações de petrolíferas do Deutsche Bank.

Fonte: http://online.wsj.com/

O poder do petróleo


Oriente Médio entra em crise, preço do petróleo vai às alturas e leva a economia global à recessão. Essa foi a trajetória das crises passadas. Seria o caso desta vez?

Ainda sob o ruído dos protestos nas ruas dos países do Oriente Médio, é impossível prever o desdobramento de todas as revoltas que começaram na Tunísia há pouco mais de dois meses. Não está descartada a hipótese de que alguns regimes caiam nas mãos de muçulmanos radicais, outros fiquem com o Exército e até — por que não? — que um civil laico seja eleito de forma democrática. Ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: nenhum novo governante da região prescindirá do petróleo.

Sem o ouro negro, a receita dos países produtores do Oriente Médio despenca, o desemprego explode, a economia afunda e, com ela, qualquer regime desmorona. Até a rede terrorista Al Qaeda tinha um plano para o setor quando lançou sua guerra ao Ocidente nos anos 90. Por isso, é improvável que o mundo enfrente — no longo prazo — escassez de petróleo por causa da instabilidade política na região dona de dois terços das reservas mundiais. Só que, como dizia lorde Keynes, no longo prazo estaremos todos mortos. Vivemos no curto prazo — e, nele, o risco de um novo choque do petróleo é um espectro cada vez mais presente.

A interrupção do fornecimento, ou o temor de que isso ocorra, tira o sono de governantes e empresários de todo o mundo. As últimas cinco recessões globais foram, todas elas, precedidas de altas agudas e repentinas no preço do barril. No final dos anos 70, com a queda do governo no Irã, o petróleo subiu mais de 200% em questão de meses. Agora, com a súbita alta de 22% no preço do barril em 2011, todos se perguntam se estamos vendo a reprise do mesmo filme.

Uma alta intensa e continuada seria um problema para os usuários dos mais de 800 milhões de carros que circulam pelo mundo. Dor de cabeça para os passageiros dos 350 000 aviões que fazem parte da frota global. E uma péssima notícia para quem depende da comida e dos demais produtos transportados por mais de 19 milhões de caminhões — isso sem falar na produção de adubos, plásticos e derivados. “Quando o assunto é a commodity mais importante na matriz energética mundial, o aumento do preço tem o poder de reduzir o consumo e jogar a economia na lona”, diz Michael Lynch, presidente da consultoria Strategic Energy & Economic Research e ex-diretor de energia do Centro de Estudos Internacionais da prestigiosa universidade MIT.

Qual é o perigo de que a economia mundial entre de novo em forte desaceleração? A pergunta de 62 trilhões de dólares (a soma do PIB mundial) está sendo estudada pelos departamentos de pesquisa de todas as instituições financeiras relevantes do globo. Ao examinar a capacidade da economia global de absorver um novo choque, o banco francês Société Générale trilhou um caminho original. Voltou no tempo para calcular o peso do petróleo nos períodos mais críticos das últimas quatro décadas. Logo após o segundo grande choque, no final dos anos 70, a soma de tudo o que era gasto com a compra de petróleo era equivalente a 9,5% do PIB mundial.

Fonte: http://www.clickmacae.com.br/