sexta-feira, novembro 05, 2010

Refinaria precisa de 12 mil só na construção


Receber uma refinaria não é simples, sobretudo, para um dos estados mais pobres do País. São inúmeros os obstáculos para deixar tudo pronto até o dia tão esperado do início de operação do empreendimento. Problemas que passam desde a questão das desapropriações até a instalação de uma infraestrutura adequada que traga suporte ao equipamento. Agora, o mais novo desafio do Ceará é qualificar 12 mil profissionais - exclusivamente - para a construção da refinaria Premium II, no Pecém. Em um cenário em que a construção civil cresce pujantemente (porém, na mesma proporção, sobe a necessidade de mão-de-obra especializada), alcançar esse objetivo depende, cada vez mais, de uma ação coordenada entre todos os agentes interessados em tirar a refinaria do papel e torná-la um grande marco para o que se vislumbra ser uma nova era da economia local.
Há 10 dias, segundo informou o Diário do Nordeste, o presidente Lula anunicou que a legalização da área da Premium II estava próximo de se encaminhar para uma solução definitiva a respeito da reserva indígena localizada naquela região, e reivindicada pela tribo Anacé - maior entrave, até então. Com a aproximação desse entendimento em relação ao terreno, a Petrobras já se preocupa com outro entrave: recrutar profissionais preparados para as obras. Foi o que confirmou, esta semana, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), que foi procurado para iniciar um trabalho de prospecção de operários qualificados. "Houve um contato inicial para pensar as primeiras ações nesse sentido. A intenção é atender essa demanda de 12 mil pessoas para construir a refinaria", assinalou o presidente do Sinduscon/CE, Roberto Sérgio Ferreira. Ontem, conforme informou, com exclusividade, o Diário, a assessoria de imprensa da Petrobras divulgou que 16.125 operários serão qualificados até 2013, nas áreas de construção civil, montagem, manutenção e operação, em todos os projetos da empresa previstos ou em execução no Estado.
Parceria com Senai
Roberto Sérgio acrescentou que a demanda atual por trabalhadores somente para a área imobiliária no setor da construção no Ceará é de dois mil profissionais. "Estamos precisando desse pessoal para agora. Para resolver esse problema, já acertamos uma parceria com o Senai. Teremos uma reunião, na próxima quarta-feira, para definir os detalhes do curso de qualificação. A previsão é de que o projeto comece a ser executado na semana seguinte", ratificou o presidente do Sinduscon/CE. Para ele, na área imobiliária, a saída mais rápida será treinar os operários que já estão habituados ao serviço. "Vamos qualificar os serventes que já trabalham conosco. O local será o próprio canteiro de obras. É mais fácil e menos demorado fazer isso com quem já está inserido, ao invés de partir do zero. São duas mil pessoas que irão se especializar e abrir vaga para outras duas mil, nos próximos 120 dias", revelou ele.
Para o diretor da Mercurius Engenharia, Ricardo Nóbrega Teixeira, apesar da carência, o Ceará ainda é uma referência nacional em mão-de-obra. "Recentemente, tive de fretar um avião com mais de 60 trabalhadores para levar ao Rio Grande do Sul, porque lá não tinha ninguém na área", disse.

Fonte: http://www.portalnaval.com.br/

Estimativa para o reservatório gigante de Libra vai reacender debate do pré-sal


A confirmação pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) da existência de um reservatório gigante de petróleo na área de Libra, que está no pré-sal da bacia de Santos, ainda da União, reacende as discussões sobre o modelo de partilha de produção no Brasil. O projeto de lei que institui a partilha deverá voltar a ser discutido depois das eleições, gerando tensões principalmente em torno da emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Ela acata a emenda Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) sobre a divisão dos royalties para todos os Estados e municípios do Brasil e não apenas para os produtores de petróleo e gás, indo adiante ao prever que caberá à União ressarcir as perdas dos Estados.
A perfuração em Libra, ainda em curso, já custou US$ 50 milhões. A área pode ser a primeira a ser oferecida no novo modelo, exclusivo para o pré-sal, que prevê a cessão de direitos de exploração e produção para a empresa, ou consórcio, que oferecer para a União a maior parcela do óleo produzido, descontados custos. O modelo também prevê que a Petrobras será a única empresa operadora dessas áreas, com participação mínima obrigatória de 30% de todas as áreas oferecidas para partilha.
Por se tratar da área com maior volume de informações, Libra pode estrear a partilha, o que deve acontecer no ano que vem ou em 2012. Haroldo Lima, diretor-geral da ANP, acha difícil que o projeto de lei seja votado ainda nesta legislatura. Ele aposta que vai ficar para o novo Congresso, que só toma posse em fevereiro. "Isso é o que minha experiência de 20 anos no Congresso me faz acreditar", disse ele ao Valor.
"Enfrentamos as vicissitudes da mudança da composição do Congresso e isso cria uma situação que pode levar a uma demora maior. Congresso em fim de legislatura tem um grupo que foi reeleito e outro que não foi reeleito. Isso cria uma composição que já não está mais no pique de trabalhar intensamente, sobretudo em assuntos complexos e polêmicos. E os novos deputados já estão aí, à porta. Eles vão querer para eles esse assunto. E não vão aceitar votar o que foi discutido pela turma que não foi reeleita", diz Lima, ligado ao PCdoB.
Polêmica não vai faltar na discussão do assunto. Libra é o segundo reservatório em área da União perfurado pela ANP com recursos da Petrobras. O primeiro foi Franco, que foi cedido para a estatal no processo de cessão onerosa, parte do processo de capitalização da estatal. Os dois foram perfurados em locais definidos pela agência reguladora e financiados pela Petrobras.
Existem ainda duas áreas da União com reservatórios mapeados e não perfurados: Pau Brasil e Peroba (que foi oferecido para a Petrobras como reserva, caso as demais áreas da cessão onerosa não tenham os 5 bilhões de barris previstos). O dinheiro para perfurar os próximos poços deve vir do orçamento da agência. Magda Chambriard, diretora da ANP responsável pela área de exploração e produção, disse ao Valor que a intenção é incluir os próximos poços no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dessa forma, o investimento entra no planejamento do governo, facilitando também as negociações entre ANP e outros órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Receita Federal, por exemplo.
"Quero incluir os poços no PAC e concorrer melhor por recursos da União. Mas será preciso mostrar que pagar esses poços é melhor do que construir um hospital, por exemplo, já que os recursos são escassos", diz a diretora. Por outro lado, ela defende o projeto, lembrando que quanto maior o conhecimento da ANP sobre o pré-sal da União, mais valiosas as áreas se tornarão. "Sem conhecermos as bacias sedimentares, não podemos identificar sistemas petrolíferos. E perfurar poços dá um salto no valor das áreas", afirmou a diretora.
Magda explica que o Plano Plurianual de Geologia e Geofísica (PPA) da ANP prevê investimentos para aumentar o conhecimento geológico. "É uma verba atribuída à agência para investir onde o setor privado não investe", explica a diretora. O PPA 2007-2011 prevê investimento de R$ 1 bilhão em cinco anos (média de R$ 200 milhões por ano) e a ANP discute com o Ministério de Minas e Energia a ampliação do PPA, já que o custos no pré-sal são muito elevados.
Os US$ 50 milhões gastos até agora em Libra representam menos de um terço do que foi gasto com o poço de Franco, que custou US$ 180 milhões. Como os próximos não deverão ser financiados pela Petrobras, a ANP terá que adquirir dados sísmicos junto a empresas de aquisição de dados (EADs).
Sobre a divulgação da descoberta de petróleo em Libra na sexta-feira, último dia útil antes da eleição, Magda explicou que a ANP exige de todas as concessionárias a notificação da descoberta em 72 horas, e ela mesma não poderia deixar de informar isso, ainda mais considerando que o feriado do dia do funcionalismo público foi transferido de 28 de outubro para hoje, e amanhã é dia de Finados, feriado nacional.
Ela explicou, ainda, que decidiu, no primeiro momento, divulgar apenas a estimativa de reservas da empresa de consultoria Gaffney, Cline & Associates, que previu a existência de volumes recuperáveis de petróleo entre 3,7 e 15 bilhões de barris. A estimativa moderada é que existam ali 7,9 bilhões de barris recuperáveis e a previsão da ANP será divulgada mais adiante. Se confirmado o maior volume - e a perfuração ainda não atingiu o fim do reservatório, o que está previsto para quando alcançar 6,5 mil metros de profundidade - Libra poderá ser a maior área encontrada até agora no Brasil. Maior inclusive do que Tupi, da Petrobras, BG e Galp, onde as estimativas até agora são de 5 bilhões a 8 bilhões de barris, e Franco, onde as reservas prováveis foram estimadas em 5,45 bilhões de barris pela Gaffney, Cline.

Fonte: http://portosenavios.com.br/

Pré-sal deve ficar para 2011, diz Vaccarezza


O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu ontem que a votação dos projetos do pré-sal podem ficar para o ano que vem.
Apesar de o tema ser apontado como prioritário pelo governo, o deputado afirma que o tempo é escasso. Segundo ele, a primeira missão do Congresso nesses dois meses restantes é aprovar o Orçamento de 2011.
Pelo regimento, não é possível haver sessão no plenário ao mesmo tempo das reuniões da comissão mista de Orçamento, o que dificulta os trabalhos.
Até o recesso de final de ano, há apenas 11 sessões de plenário restantes. Outro entrave é que 12 medidas provisórias trancam a pauta de votação na Câmara.
"A garantia que dou é que vamos lutar [pela aprovação dos projetos do pré-sal], mas não tenho um cheque em branco aprovado pela atual Câmara dizendo que vamos aprovar", disse Vaccarezza. "É muito difícil qualquer votação na Câmara nesses 11 dias."
Na prática, os deputados precisam votar ainda apenas o projeto do Fundo Social, no qual foi incluído a mudança de modelo para a partilha.
A presidente eleita Dilma Rousseff apontou a aprovação dos projetos de pré-sal como prioritária.
Segundo Vaccarezza, não haverá sessão deliberativa nesta semana.

Fonte: http://portosenavios.com.br/