Problemas de ordem comportamental e patologias
provocadas pelo confinamento da tripulação a bordo e a consequente rotina de
trabalho são alguns dos riscos à saúde
Eduardo Arias*
O conceito de gerenciamento de riscos ganhou nas últimas décadas uma
saudável amplitude de definições. Isso sem falar nas diversas e complexas
metodologias para aplicação desses conceitos. Todavia todas essas inovações
contemplam, na maioria dos casos, apenas os riscos materiais, ou seja, aqueles
que podem ser facilmente identificados e assim tratados e gerenciados,
esquecendo-se, portanto, de um dos riscos mais importante a ser também tratado:
o risco saúde.
Os profissionais de Recursos Humanos, mais especificamente aqueles voltados
para a área de QSMS, conhecem bem as dificuldades para aprovar recursos,
treinamentos e outras ferramentas que sirvam para detectar e tratar riscos de
personalidade, presenteísmo, absenteísmo e a saúde em geral dos funcionários. O
trabalho diário desses profissionais é convencer seus superiores sobre a
necessidade de o gerenciamento do risco saúde figurar no mesmo patamar das
preocupações que se encontram os demais riscos que a empresa pode correr.
Voltando nossa análise para o risco saúde na área de petróleo e gás, nos
deparamos com realidades muito específicas do setor, encontrando problemas de
ordem comportamental e patologias provocadas pelo confinamento da tripulação a
bordo e a consequente rotina de trabalho. O desafio maior nesse caso é mostrar
para os dirigentes do setor que o caminho para gerenciar esses riscos e assim
evitar o afastamento dos colaboradores e as consequentes perdas financeiras,
passa necessariamente pela implantação de programas voltados para a qualidade de
vida do trabalhador.
Felizmente temos visto uma procura cada vez maior por esses programas hoje
disponíveis no mercado, que vão desde palestras de vida saudável, redução do
estresse, métodos antitabagismo e prestação de serviços especializados no
Gerenciamento Nutricional para pessoal embarcado, que ensinam as boas práticas
no manuseio dos alimentos, o equilíbrio nutricional das refeições servidas,
assim como as técnicas para montagem e recepção do rancho a bordo.
No âmbito financeiro esses programas, aliados aos softwares que ajudam na
análise e detecção desses problemas, também prestam grande colaboração na
redução do risco de aplicação das pesadas multas praticadas pelos órgãos de
controle ambiental, vigilância sanitária e aquelas previstas nos contratos de
prestação de serviços dessas empresas.
Finalizando, pelo crescimento e exposição positiva que a área de petróleo e
gás vem apresentando, os dirigentes do setor, ao implantarem de forma plena
esses conceitos dentro das suas empresas, servirão de exemplo para as demais
áreas da economia brasileira.
* Eduardo Arias é diretor do Grupo Assurance, com sede em
Macaé.
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