quinta-feira, junho 04, 2009

Redes sociais dão nova vida à terceira idade


Como muitos idosos, Paula Rice, de Island City, Kentucky, vem vivendo em crescente isolamento nos últimos anos. Seus quatro filhos são adultos e vivem em outros Estados, seus dois casamentos terminaram em divórcios e seus amigos estão dispersos. Ela passa a maioria dos dias sem conversar com ninguém pessoalmente.
Mas Rice, 73, não é de forma alguma solitária. Restrita à sua casa depois de um ataque cardíaco sofrido dois anos atrás, ela começou a freqüentar o site de redes sociais Eons.com, uma comunidade online para idosos, e também o PoliceLink.com (ela trabalhava como atendente do serviço de emergências policiais). Agora, ela dedica até 14 horas ao dia a conversas online.
"Eu estava morrendo de tédio", diz. "O Eons me deu motivos para continuar".
Mais e mais pessoas da geração de Rice estão aderindo a redes como o Eons, Facebook ou MySpace, e isso não é novidade. Entre as pessoas mais velhas que começaram a usar a internet no ano passado, o número de visitantes a redes sociais cresceu quase duas vezes mais rápido do que o índice geral de crescimento no uso de internet nessa faixa etária, de acordo com o grupo de medição de audiência comScore. Os pesquisadores que se concentram no estudo do envelhecimento estão estudando o fenômeno para determinar se essas redes podem oferecer alguns dos benefícios comuns a um grupo de amigos reais, mas de uma forma muito mais fácil de montar e manter.
"Um dos maiores desafios ou perdas que enfrentamos ao envelhecer, francamente, não se refere à saúde mas à deterioração de nossa rede social, porque nossos amigos adoecem, nossos cônjuges morrem, nós nos mudamos", diz Joseph Coughlin, diretor do Laboratório do Envelhecimento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
"O novo futuro da velhice envolve continuar a viver em sociedade, continuar a trabalhar e continuar conectado", ele acrescentou. "E a tecnologia terá parte importante nisso tudo, porque a nova realidade é cada vez mais uma realidade virtual. Isso nos oferece um caminho para realizar novas conexões, fazer novos amigos e reconquistar um senso de propósito".
Cerca de um terço das pessoas com idade de 75 ou mais anos vivem sozinhas, de acordo com um estudo conduzido em 2009 pela Associação Americana de Aposentados (AARP). Em resposta ao número crescente de idosos nos Estados Unidos, o Instituto Nacional do Envelhecimento está oferecendo US$ 10 milhões em verbas a pesquisadores que examinam a neurociência e seus efeitos sobre o envelhecimento.
As redes online podem oferecer às pessoas mais velhas "um lugar no qual elas se sentem integradas, porque podem realizar essas conexões e falar com pessoas sem que precisem pedir mais alguma coisa aos seus amigos ou familiares", disse Antonina Bambina, socióloga da Universidade do Sul de Indiana que escreveu um livro sobre as redes sociais como ferramenta de apoio.
Para os familiares de idosos, as redes sociais podem facilitar um pouco as tarefas. Chris McWade, de Franklin, Massachusetts, o membro mais jovem de uma grande família, recentemente ajudou na mudança de seus pais, avós e um tio para comunidades de aposentados. Disse que passou três anos "atravessando o país de avião e cuidando das necessidades de muita gente", e testemunhando o isolamento e a depressão que a velhice traz.
Isso resultou na ideia da MyWayVillage, uma rede social fundada em Quincy, Massachusetts, em 2006, com a ajuda de McWade. Ele agora vende o serviço a casas de repouso, e acaba de concluir programas-piloto em diversas casas de repouso em Illinois e Massachusetts; ele afirma que já fechou contratos para expandir o serviço a diversos outros locais.
Cerca de dois anos e meio atrás, Howe Allen, um corretor de imóveis que vive em Boston, transferiu seus pais para o River Bay Club, um lar de idosos em Quincy, Massachusetts, no qual o MyWay está em uso.

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