Nesta semana deparei-me com um caso um tanto quanto e cada vez mais corriqueiro na internet. Aparentemente mais um crime digital que explora a boa fé do internauta. Um cliente se viu envolvido em uma situação onde, após acessar um site, começou a ter os créditos do seu telefone celular pré-pago debitados, segundo ele, à revelia.
Após ele contar todo o seu triste caso e na companhia do próprio comecei a repetir todos os passos que o levaram a cair na desgraça virtual que transcendida à realidade.
Primeiro acessamos o website www.degracaemaisgostoso.org e de cara, pelo menos para mim, a surpresa foi grande com tanta pirataria à luz do dia. Uma vasta lista com programas, jogos, revistas, filmes, músicas e muitas outras coisas que custam dinheiro e lá estão à disposição totalmente "de grátis". Resolvemos escolher o link do primeiro item que apareceu para download gratuito e que, no caso, era a última edição da revista Veja da editora Abril.
Ao clicar na "oferta" fomos imediatamente remetidos a um link que foi aberto em uma nova janela do navegador apresentando uma tela com o sugestivo título de "Indica servidor de download". Em primeiro plano aparecem dois campos a serem preenchidos identificados como "Passo 1". Nesta altura meu cliente disse:
- Eu dei o número do meu celular para poder baixar o que eu queria.
Pobre incauto internauta que ao fornecer seu número acabara de adentrar a um pequeno inferno astral. Na próxima tela foi informado que uma senha seria enviada por SMS ao celular informado e que a mesma deveria ser digitada no computador para então liberar o conteúdo a ser baixado.
Dito e feito; rapidamente o SMS chegou com a senha. Ao digitá-la o suposto download gratuito foi liberado.
O que acontece é que no afã em se fazer o download, a grande maioria dos internautas parece se esquecer de ler as tais letras miúdas sobre o ato que estão a cometer. Mesmo lendo estas tais letrinhas, que para serem acessadas devemos rolar a tela para baixo, nada informam sobre os débitos semanais de R$ 4,99 ou R$ 5,99 que a partir daquele momento serão realizados no celular do incauto. Valores estes que para termos acesso devemos clicar em mais um link que nos remete mais uma vez a uma nova tela.
Ao ler esses por menores talvez o incauto desistisse do download. Pois quem está procurando conteúdo gratuito não vai querer ter no mínimo uma conta mensal de R$ 19,96 ao mês a título de downloads gratuitos. Ainda mais em tempos de crise mundial.
Agora, algumas das coisas que causam mais estranheza são:
O fato de estarem disponibilizados filmes que ainda estão passando no cinema como por exemplo, na época, "Operação Vaquiria" de Tom Cruise, ou "Se eu fosse você" com Gloria Pires e Tony Ramos ou então "Sete Vidas" com Will Smith.
Rolando a tela ainda um pouco mais para baixo chega-se ao tal link para download, já disponível mesmo sem a necessidade em se digitar o famigerado número celular.
Uma nova tela é aberta anunciando canais de TV do mundo inteiro sob a alcunha de TVnoPC, onde, segundo a propaganda, estão disponíveis três mil canais de TV sem pagamentos mensais. Tudo pela internet. Download de oito milhões de filmes. Tudo isto a R$ 39,90 pagos uma única vez.
Como se livrar dos débitos
Considerando o que está escrito nas letras miúdas, o incauto deverá enviar um SMS para o número 48359 para cancelar a tal assinatura que fez ao informar seu celular. Isto para quem atina que a origem dos débitos é oriunda do tal site do "De graça..."
Podemos perceber conforme o código penal a ocorrência de dois crimes que são o 171 - estelionato - e o 184 - que trata da violação de direitos autorais.
Não é à toa que a nossa valorosa Polícia Federal já desenvolveu programas como o "Espiamula", utilizado na operação Carrosel, que serve para rastrear todos que fazem downloads a partir do programa e-mule; e que por sua vez também faz downloads de tudo o que se pensar. Na verdade ele foi desenvolvido para rastrear pedófilos que utilizam estes programas de rede ponto a ponto para praticar seus atos ilícitos. O Espiamula guarda os endereços IPs de todas as fontes dos conteúdos ilícitos e não autorizados; o que já basta para comprovar a materialidade do crime.
Na próxima década, 90% dos crimes cometidos serão digitais. Portanto, cabe a todos estarmos antenados com as novas tendências, não só da internet, e sim da vida.
Fonte: www.uol.com.br
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